Em 1990 casei com a Célia, eu tinha 20 anos e ela 17 anos, os meus sogros tiveram que autorizar, pois ela ainda era menor. A Célia é o melhor presente de Deus para a minha vida, ao fim de um ano, nasce a minha primeira filha, a Raquel, éramos bem jovens e estávamos bem envolvidos nas actividades da igreja. Conheci a Célia quando um dia surge a cantar no grupo de louvor, a mais pequena, mas com um sorriso lindo, olhei para ela e meu coração bateu muito forte. Com a ajuda da minha irmã Susana e uns amigos consegui falar com a Célia, e a partir desse dia, foi uma luta para a conquistar. 

O meu pai dizia-me muitas vezes: “filho, não aceites mulheres fáceis e oferecidas”. Não sei porquê, mas esta frase de meu pai, sempre ficou comigo, ao inicio a Célia não queria nada comigo, lembro-me que a primeira vez que falei com ela, ela deu-me para trás, foi muito seca e eu pensei: “que bom, é esta mesmo, que vou conquistar”. E aos poucos consegui, namoramos 9 meses e casamos. Os meus colegas diziam: “É pá, goza a vida primeiro” e eu lhes respondia: “É o que vou fazer, gozar a vida com a mulher que amo.” 

Aos 22 anos, um dos administradores, secretário executivo da igreja Maná, chamou-nos para falar com ele. Ele tinha um recado do pastor e presidente da igreja Maná, que nos convidava a servir na igreja a tempo integral. Foi um dia memorável, pois era algo que desejávamos muito, ser útil e ajudar as pessoas com os talentos que Deus nos deu. Tudo foi muito rápido, despedimos de nossos empregos seculares e em pouco tempo nos apresentamos para iniciar o trabalho na igreja a tempo integral. Fomos ajudar a pastorear a igreja de Alvalade, Lisboa. Nessa altura, o pastor Tony Cerqueira e sua esposa Marta eram os pastores responsáveis dessa igreja.

# Abro parêntesis para explicar, que a igreja Maná iniciou a sua actividade no ano de 1984 com o casal (Jorge Tadeu e esposa Manuela), que mais tarde, infelizmente se divorciaram. A igreja começou em casa do casal com um pequeno grupo de pessoas e o grupo aos poucos foi aumentando, tiveram que alugar várias salas, desde o hotel Roma, passando pela FIL (antiga feira internacional de Lisboa), até que chegou ás suas primeiras instalações próprias a chamada Praça de Espanha, na Columbano Bordalo Pinheiro. Foram nestas instalações que eu e a minha família ouvimos falar do Evangelho pela primeira vez em 1986, nessa altura já várias centenas de pessoas assistiam ás reuniões da igreja. A igreja foi crescendo e entre 1988 a 1989, tiveram a necessidade de alugar um espaço bem maior que levava perto de 3.000 pessoas, em Alvalade, Lisboa. A igreja continuou a crescer e foram abrindo igrejas pelas cidades em Portugal, Angola, Holanda, etc. e claro que, houve a necessidade de colocar pastores em todas as igrejas que se abriam, o pastor Jorge Tadeu viajava, saia muitas vezes para visitar essas igrejas, teve a necessidade de entregar a igreja de Alvalade aos cuidados do pastor Tony Cerqueira, que na altura era o vice-presidente da igreja Maná. Foi neste contexto, que eu e a minha esposa fomos convidados a ajudar, juntamente com outros casais de pastores que já os ajudavam, corria o ano de 1992. Foi também entre o  período de 1987 a 1989 que frequentamos a Escola Bíblica, na altura, ainda recebíamos diploma e anel de formatura. Fecho Parêntesis # 

Em 1992 passamos então, ajudar em todos os departamentos da igreja local, aprendi ao vivo de tudo, as coisas boas e as menos boas, uma verdadeira escola ao vivo, minha esposa ajudava no secretariado e trabalho não faltava, saímos muitas vezes fora de horas, minha sogra ajudou-nos muito com a minha primeira filha, a Raquel, ela esperava por nós, íamos buscar a Raquel bem tarde a casa da minha sogra. Entretanto houve uma necessidade de ajudar a igreja da Praça de Espanha e fomos ajudar o casal que era responsável pela igreja, durante um período de tempo, mas depois voltamos para Alvalade, para ajudar novamente os pastores. Entretanto, quer na Praça de Espanha, quer em Alvalade, havia as reuniões de Sábado à tarde, ás 16h00, em ambos os lugares tive o privilégio de pregar nessas reuniões, em ambos os casos, essas reuniões de Sábado, cresceram muito, ao ponto de ficarem mais fortes do que as de Domingo, reuniões principais e ministradas pelos pastores principais e eu era apenas o pastor ajudante. Isso começou a incomodar algumas pessoas. Deu-se o inicio a um primeiro embate nos relacionamentos com os pastores principais. Eu compreendo, mas as pessoas gostavam de vir às reuniões de Sábado tarde, durante a semana, as famílias procuravam-nos para aconselhamento, portanto, algo não iria correr bem, começaram as primeiras “guerras frias”; penso que, em todas as igrejas e denominações há problemas idênticos, não deveriam existir, mas infelizmente existem...eu e a minha esposa fomos pressionados, inventavam coisas a nosso respeito que eram mentiras, enfim...mas, um certo dia, poucos dias do nascimento da minha segunda filha a Inês, o pastor e presidente da igreja Maná chamou-nos e nos convida a sermos os pastores principais da igreja da Praça de Espanha. Podem imaginar, ficamos petrificados, sem saber o que dizer, mas ao mesmo tempo, víamos como um livramento de Deus de todas as pressões que estávamos a passar injustamente. Aceitamos e fomos apresentados numa 5ªfeira à igreja da Praça de Espanha em 1995, igreja onde me converti em 1986, tinha a honra de a pastorear juntamente com a Célia. 

Foram dos melhores tempos da nossa vida, Deus fez tantas coisas lindas com esta igreja, cresceu, tínhamos mais de 12 casais a tempo integral para ajudar a cuidar da igreja, fizemos projectos, obras, viagens missionárias com os presbíteros que nos ajudavam, amizades que até hoje duram, tempos que nunca mais esqueceremos, que assim Deus nos ajude!

 

Memórias de 30 anos de Evangelho

José Fidalgo

17/12/2019