“Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura de Cristo” (Ef.4:13).
À medida que vamos conhecendo a Deus, vamos gostar de muitas coisas, mas também vamos detestar outras. Para entender melhor o que acabei de afirmar, quero dar o exemplo do meu relacionamento com a minhas esposa.
Quando vi a Célia pela primeira vez, fiquei completamente apaixonado por ela, sem conhecer absolutamente nada sobre ela, no entanto, o sorriso dela, a cara, o brilho dos olhos, aquela boca linda, toda a fisionomia, tudo nela me atraiu, e fiquei com aquela imagem no meu coração, dia e noite. Fiz de tudo, para me aproximar dela, fiz de tudo para que alguém, amigo, me apresentasse...para encurtar uma longa história, que deu muita luta, consegui finalmente falar com ela, muito pouco, apenas uma apresentação formal, poucas palavras, um olá, o apresentar de nomes, um cumprimento formal. Fiquei muito contente com este pequeno encontro inicial...a imagem dela não saía da minha cabeça, dia e noite, estava pela primeira vez, verdadeiramente apaixonado. O que é que sabia dela? Apenas o nome e pouco mais.
É o que nos acontecesse, pela primeira vez, quando nos apresentam o evangelho de Cristo, aquelas primeiras frases, de que em Cristo temos a vida eterna, e descobrimos que Deus está interessado em nós, nos ama, enfim, as primeiras reuniões na igreja, de repente tudo faz sentido, olhamos para as pessoas na igreja, todas elas, nos parecem uns santos, desejamos copiar a fé das pessoas mais antigas, o pastor quando prega, achamos que ele é o máximo, o melhor pastor do mundo, santo, sem mácula alguma... para nós, é a pessoa mais santa da igreja, tudo o que ele diz, deve ser verdade, por isso, fazemos tudo o que ele nos diz para fazer. E a música da igreja, UAUU, que loucura, que batida, músicos fantásticos, ambientes loucos, isto é que é cristianismo para frente... Estamos completamente apaixonados, diríamos por Deus, pela igreja, pelo evangelho, sem conhecer quase nada. Apenas que Cristo nos salva, caso creiamos no plano redentor de Deus.
Com o tempo, eu e Célia fomos avançando no nosso relacionamento, fomos tendo vários encontros, conversávamos muito, até que chegou o dia do pedido de namoro e foi um grande avanço no nosso relacionamento. Até que chegou a primeira discussão, Já não me lembro que assunto foi, mas sei que tivemos algumas discussões e desentendimentos, e logo comecei a ver aquele lado da Célia que não gostaria de ver...
É o que acontece á medida que vamos conhecendo a Deus. Problemas com Deus vêem? Sim, nós começamos a ter problemas com Deus à medida que o vamos conhecendo. Há quem fique magoado com Deus ao fim de algum tempo, outros começam a ser confrontados com o que a palavra de Deus diz, e não gostam. É por isso que muitos optam por não avançar em conhecer mais a Deus, porque sabem, que vão ter que mudar e isso não interessa.
Voltando à Célia, quanto mais avançava no relacionamento com ela, mais a ia conhecendo, conhecia o lado maravilhoso dela, mas também o lado menos bom. E agora? O que fazer? Por um lado estava apaixonado e por lado estava assustado, por causa de algumas das coisas menos boas. Tive que fazer decisões. Ou avançava no relacionamento ou parava. O mesmo aconteceu com ela em relação a mim. Até que decidimos avançar, a paixão que tínhamos, aos poucos, foi mudando para o amor, começamos a nos amar, a respeitar mutuamente, aprender com os nossos erros, e até hoje, continuamos assim, o amor que temos um pelo outro é cada vez maior, não temos medo de nos conhecermos cada vez mais, e sabemos que as coisas menos boas, serão ultrapassadas.
Com Deus, não é muito diferente, Jesus disse que Deus é bom, em Deus não há nada de errado, ao contrário de nós, temos muitas coisas erradas por resolver, mas à medida que o nosso conhecimento de Deus aumenta, vamos ficando cada vez mais numa posição difícil, porque vamos descobrir que ele não gosta de coisas que nós gostamos, que ele é santo e nós gostamos do que é imundo, que ele gosta da verdade e nós mentimos, que ele detesta a idolatria e nós estamos cheios de ídolos, que ele detesta a promiscuidade e nós somos algumas vezes promíscuo, que ele detesta a mudança natural do homem e da mulher e nós mudamos, que ele detesta o divórcio e nós nos divorciamos da nossa mulher, que ele detesta os perversos e nós ás vezes somos bastante perversos, ele detesta a vaidade, avareza, maldade, malícia, o engano, a murmuração, a soberba, a desobediência, a presunção, a iniquidade, enfim...e quando chega a hora e descobrimos estas coisas, começamos a vacilar. Será que este relacionamento tem pernas para andar? Será que estou decidido a mudar para agradar a Deus? A música é boa, o pregador não é mau, mas...
Eu e a Célia não somos bons e em nós temos tudo para dar errado, e por isso, ambos tivemos que ceder, mudar, melhorar, aprender com os erros, para que o nosso amor continue bem forte.
Com Deus é um pouco diferente neste sentido. Não só Deus é bom, como nele, não há nada de errado. O lado errado e menos bom está do nosso lado. Quem tem de mudar, somos nós, somos nós que temos de nos aproximar de Deus e aprender a amá-lo, deixar de estar apaixonado por Deus, e amá-lo, amar a sua santidade, amar a sua pureza, amar a sua verdade, amar o seu carácter e por aí fora. E quando da nossa parte há uma correspondência positiva em querer agradá-lo, em vir ao encontro dele, querendo ser cada vez mais parecido com ele, então Deus se revela a essa pessoa de uma maneira que não se revela a outros. Só conseguiremos com a ajuda do Espírito Santo, mas, se em nós houver esse sentimento de procurar agradá-lo, então sua revelação, seu conhecimento, ele passará para essa pessoa de uma maneira tão incrível que a outros não passa.
Deus deseja que todos possamos crescer até a estatura varonil de Jesus Cristo. Que haja em nós maturidade, mas só acontece, aqueles que verdadeiramente o amam e decidem mudar.