Em que ficamos? Jesus aboliu a lei ou não? A lei de Deus ainda é para hoje, ou não precisamos mais de praticá-la? São dúvidas de alguns cristãos e também motivo de intensa discussão. 

Antes de exprimir o que creio sobre este assunto, preciso de lembrar que, é importante para os cristãos, crerem nestes 3 pontos fundamentais e que não podem ser negociados: primeiro ponto, todos os 66 livros da bíblia, apesar, de terem sido escritos por homens, foram divinamente inspirados (II Tim.3:16); em segundo lugar, Deus não é Deus de confusão (I Cor.14:33), e também não é homem para que minta (Numeros 23:19); em terceiro lugar, o que Deus falou e está registado nos 66 livros, foi para ontem, é para hoje e eternamente (Hebreus 13:8), isto é, Ele não muda.

Assim sendo, podemos partir com esta fé, de que: Os 66 livros, são a palavra de Deus inspirada, e que não existem contradições. Deus colocou a sua palavra acima de todo o seu nome. Não se pode negar a si mesmo. (Salmos 138:2).

Com respeito à lei de Deus, a lei é santa, é mandamento, é justa e boa, quem o diz, é o ap. Paulo na sua carta aos (Romanos 7:12).

Jesus Cristo veio cumprir a lei e ele mesmo disse, que a lei não pode ser anulada, "até que o céu e a terra passem"...(Mateus 5:17-19).

As supostas contradições, na minha opinião, surgem de erro de interpretação das escrituras. Uma delas vem em (Lucas 16:16) que diz: “A lei e os profetas duraram até João: desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele”. Mas depois as pessoas não continuam a ler, logo a seguir diz: “E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei”. (Lucas 16:17).

Nesta passagem, Jesus não fala de abolir a lei, pelo contrário, ele, no versículo 17, reforça dizendo: "não se pode fazer cair um til da lei". Quando Jesus menciona que a lei e os profetas duraram até João, e desde então..., é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele. Refere-se à força e ao modo como os fariseus usavam a lei e os profetas, impondo jugo e regras duras, manipulação, a troco da promessa de se ganhar o reino de Deus. Pois a promessa da vida eterna não difícil, basta crer, quem crê tem a vida eterna. Não precisamos de empregar força para entrar no reino de Deus, nem precisamos de ser violentos para evangelizar.

Lamento quem assim pensa... 

Vamos começar pelos 10 mandamentos: Podemos ler em Êxodo 20, estão lá todos, eu pergunto qual desses mandamentos foram anulados com a vinda de Jesus? O primeiro e o segundo? Que fala sobre amar a Deus e não sermos idolatras? Bem... o novo testamento está cheio de versículos a falar sobre amar a Deus e fugir da idolatria. Vamos ao terceiro mandamento, “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão”. Bem... o novo testamento está cheio disso também, o cuidado que os apóstolos tinham de não jurarem em nome de Cristo, ou em nome de Deus prometerem coisas e não cumprirem, existe o episódio de Ananias e Safira que morreram por mentir ao Espírito Santo. Vamos ao quarto mandamento, “Guardar o Sábado”. Muitos pensam que o Sábado é para ir à igreja, mas não é disso que fala, o Sábado era o dia de descanso, Deus concede ao homem um dia para descanso de todo o trabalho. O descanso é importante para todos, até mesmo, quando Deus mandava que a terra descansasse, etc...claro que nos dias de hoje, o descanso pode ser num outro dia qualquer, o importante é dar descanso ao nosso corpo. Quanto ao dia da igreja, pode também ser qualquer outro dia, pois os primeiros cristãos reuniam-se todos os dias... não creio que Jesus Cristo tenha vindo abolir isso.

O quinto mandamento: “Honra o teu pai e a tua mãe”, bem também não vejo na bíblia que isso foi abolido, pois Paulo fala em Efésios que é o primeiro mandamento como promessa, para que vivas e tenhas uma longa vida. Os restantes mandamentos são: “Não matarás, Não adulterarás, Não furtarás, Não dirás falso testemunho e Não cobiçarás a mulher do teu próximo”. Será que, estes mandamentos também foram abolidos? Provavelmente para alguns seria bom, mas não para Deus, pois o novo testamento está cheio de menções para não andarmos na carne, nem cumprir com as concupiscências da carne. 

Muitas vezes ouvimos a expressão: “a lei mudou”. E pensamos que a lei deixou de existir e foi substituída por outra. Mas com a lei de Deus, não foi isso que aconteceu, o que aconteceu foi uma melhoria da lei, lembrem-se que o ap. Paulo considerou a lei de Deus: mandamento, santa, justa e boa. Jesus Cristo resume a lei de Deus em dois mandamentos: “Amarás o Senhor teu Deus...e Amar o próximo como a ti mesmo”. Fazendo assim, conseguimos cumprir a lei toda, resume, mas não aboliu.

O grande problema da lei de Deus, é que ela nos condena à morte eterna, ao inferno.

Em (Rom. 2:12) Paulo diz algo muito interessante: “Porque, todos os que sem lei pecaram, sem lei, também, perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados”. No fundo, quer Judeus, que sabem a lei, quer os gentios que não sabem a lei, todos pecamos, e separados todos, estamos, de Deus.(Rom.3:23).

Foi preciso melhorar a lei, qual lei, a lei que nos condenava. Portugal também tem uma lei, e quando alguém diz que a lei foi melhorada, perguntamos, que lei? Depois a resposta pode ser várias, pode ser, por exemplo: a lei do arrendamento, ou a lei sobre a propriedade, ou até mesmo a lei do Iva. Quando falamos da lei de Deus, temos que procurar pelas escrituras qual foi a lei que melhorou...e a lei que melhorou, repito, estou a dizer melhorou e não mudou ou que foi abolida, foi a lei que nos condenava. Porque ela continua a condenar, quer judeus, quer gentios. Pois ela continua a condenar as pessoas à morte eterna e ao inferno. “Porque o salário do pecado é a morte...”(Rom.6:23). 

Não estou bem certo no número, mas parece-me que a lei de Deus tem 613 artigos. Esses artigos não falam todos da mesma coisa, tal e qual como a lei portuguesa. A lei de Deus tem artigos que falam do aspecto moral de Deus, da sua vontade para nós , que são os seus mandamentos, mas também tem o aspecto do direito à propriedade, a parte cível, o modo como os judeus se organizavam como nação, o relacionamento com os vizinhos, com os estrangeiros, os negócios, etc. E tinha o aspecto muito importante do lado Sacerdotal. Temos que nos lembrar que sempre foi a vontade de Deus, que Israel fosse uma nação sacerdotal, e era. O mesmo hoje, também nós, cristãos, somos a nação de Deus, geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa...(I Pedro 2:9).

O que melhorou? Foi a lei do SACERDÓCIO.

Apesar da lei ser mandamento, santa, justa e boa, não há registo na história de que algum homem tenha conseguido ser salvo pela lei de Deus. Aquele que esteve mais perto foi o jovem rico. O único que a cumpriu na integra foi Jesus Cristo, e por isso, foi considerado justo. Sendo justo, também é o único que podia pagar o preço da nossa condenação e tornar-se o nosso sumo-sacerdote para sempre. Glória a Deus ! João Baptista disse: “...Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (João 1:29).

Então, como é que os antigos eram salvos? Do mesmo modo como hoje. Pela fé, pela pregação do evangelho. Os antigos, como Abraão, David, etc, ouviram o evangelho de Cristo, e foram justificados pela fé (Romanos 4). Nenhum homem foi salvo pela lei, mas sim pela fé. Só que, Deus é santo, e como é que os antigos podiam se aproximar de Deus? O próprio Deus veio morar com eles, no tempo do Tabernáculo e do Templo de Salomão. O Espírito de Deus estava no Santo dos Santos. Como é que, os homens, naquele tempo podiam se aproximar de Deus, sendo pecadores? Como é que Deus conseguia estar entre eles, sendo Santo? A resposta é simples, através do modo como o SACERDÓCIO era feito. Através de sacrifícios de animais inocentes, que morriam pelos pecados do homem culpado. A Expiação dos animais, o sangue deles, cobriam os pecados dos homens perante Deus, e assim, Deus aceitava os sacrifícios e podia atender ás orações deles. Os sacerdotes que ministravam o sacerdócio, tinham o papel que hoje, Jesus Cristo o tem, como sendo nosso sumo-sacerdote. 

Esta parte da lei é que foi melhorada, o sacerdócio é feito pelas mãos do próprio Deus, e não mais pelas mãos humanas, nem carne e sangue de animais. Glória a Deus!

"Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz, também, mudança da lei.” (Hebreus 7:12). Que lei é que mudou? A do sacerdócio. É importante ler o livro todo de Hebreus, pois ele explica muito bem, apesar de ser um dos livros mais difíceis de estudar, o que mudou na lei foi que, já não precisamos de matar mais animais para que sejamos aceites na santidade de Deus. Jesus veio fazer isso por nós e uma só vez, e dá-nos livre acesso a Deus, por meio do seu sangue. Nossos pecados estão perdoados e esquecidos, glória a Deus! O Sangue dos animais apenas cobriam os pecados para Deus não ver, mas o sangue de Jesus na cruz, tirou o pecado, repito, tirou o pecado. GLÓRIA a DEUS. Para sempre e sempre, eternamente, amém.

Quanto à lei moral, onde está incluído os dez mandamentos, continua tudo na mesma, volto a dizer, Jesus veio ajudar e a simplificar resumindo-a em dois mandamentos, Jesus Cristo foi um clarificador da lei de Deus, ele veio dizer, como a lei deve ser aplicada. “Ouviste o que foi dito? Eu porém vos digo...” sempre a melhorar, glória a Deus. Um bom exemplo disso é o sermão da montanha.

Quanto à lei da propriedade, é uma lei boa também, quem dera, que o mundo a usasse, estou a lembrar-me da lei do ano da remissão e do ano do Jubileu, que leis fantásticas, Jesus revogou essa lei? Não, o homem é que, a não a quer cumprir. Quanto ás festas Judaicas, foram estabelecidas para alegria do povo, e claro elas têm sua simbologia, são sombras do que Deus prometeu com a vinda do Messias, Se me perguntarem se a igreja as deve festejar, a minha resposta é que não. Mas respeito quem as queira praticar, apesar de que, muitas vezes acabam por pender um pouco, para uma espécie de idolatria a Israel. As festas que Jesus deixou para nós cristãos: Santa Ceia, Baptismos nas Aguas e pouco mais...Quanto ao Natal e Páscoa, tenho a minha opinião, mas para já ficamos por aqui. Deus abençoe!