Existe uma doença, que pensava eu, que era recente, mas infelizmente é uma doença desde a queda do homem, que se chama “Narcisismo”. Na verdade é uma praga que se espalha na sociedade toda e em todos os sectores, também nas igrejas. Resumidamente a definição de Narcisismo é o amor de um indivíduo por si próprio ou por sua própria imagem. Vem do mito grego de Narciso, um bonito jovem e indiferente ao amor que ao se ver reflectido na água apaixonou-se pela própria imagem reflectida. O termo "narcisismo" foi introduzido na psiquiatria, no final do século XIX.
O Jesus Cristo veio propor, é o oposto, é o “Altruísmo”. É um tipo de comportamento encontrado em seres humanos e outros seres vivos, em que as acções voluntárias de um indivíduo beneficiam outros.
Recentemente ouvi uma história de um Instrutor dos SEALS, é uma tropa especial dos EUA, penso que, das melhores do mundo. Cada pelotão é constituído por 18 indivíduos, e o que mais os caracteriza é a unidade que têm, dificilmente têm baixas nas missões que fazem, são muito eficazes. Perguntaram ao instrutor qual é o segredo de tanta eficácia? Ele respondeu: “Cada pelotão tem 18 indivíduos, cada um tem a missão de cuidar das costas de outro individuo, aqui nos SEALS , temos que cuidar dos outros, não podemos pensar em nós próprios. Se alguém pensa nele mesmo, não pode pertencer aos SEALS”.
Acho interessante a Expressão: “Cuidar das costas”, o verdadeiro amor se testa quando não se está presente, pois infelizmente o que mais acontece na nossa sociedade, actualmente, é a traição, o amor de um homem por uma mulher se testa, quando é confrontado com a ausência da sua mulher e vice-versa, são as nossas costas que têm de estar protegidas, o mesmo se aplica a colegas de trabalho, etc. E isso só se consegue com pessoas altruístas e nunca com pessoas narcisistas.
Dentro do cristianismo, encontramos os dois tipos de pessoas, os altruístas e os narcisistas. A igreja de Jesus Cristo deveria ser como os SEALS, cuidarmos das costas uns dos outros, mas infelizmente ainda não chegamos lá. Todos nós temos culpa no “cartório” ou “telhados de vidro”. “Acharmos que os outros são uma bênção, mas eu sou melhor”, está a matar a Igreja de Cristo, o “Eu sou de Paulo” e o “Eu sou de Apolo” continua bem vivo dentro das igrejas, e infelizmente é cada vez mais fomentado pelas lideranças.
Usar o púlpito para comparar, a saída de pessoas da igreja, dando o exemplo de Paulo e Pedro, dando a entender, que Paulo foi superior a Pedro, só porque o nome de Paulo aparece mais vezes nas Epistolas, é fomentar o narcisismo na própria igreja. E assim, quem sai da igreja, é visto como alguém "estilo" Pedro ou Apolo, um inferior, um “Zé Ninguém” que ninguém mais se vai lembrar. Fica a igreja toda ao rubro, pensando que são: "a melhor igreja do mundo".
Eu diria o seguinte: “quem nos dera que fossemos todos como Pedro e Apolo, estaríamos todos muito bem. Quem nos dera, que todos tivéssemos escrito 2 Epístolas como Pedro o fez, e hoje são lembradas e lidas em todo o mundo”. É certo que Paulo escreveu mais, mas não faz dele Superior a Pedro ou a Apolo. O próprio Paulo disse: “pois quem é Paulo ou Apolo, senão ministros, pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? “ ( Icor.3:5)
Cada um tem o dom que tem, que foi dado por Deus, e por isso, somos todos necessários para cuidar das costas de uns dos outros. Mas os narcisistas têm alguma dificuldade em aceitar o altruísmo, daí que a igreja de Cristo, actualmente e infelizmente se gladia na arena dos títulos.
Termino lembrando as palavras de Jesus Cristo: “Um novo mandamento vou dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”
(João 13:34-35)