Faz algum tempo, que na cidade de Lancaster nos EUA fui visitar uma réplica do tabernáculo de Moisés. O guia ia explicando tudo até que chegou à questão das vestes do Sumo Sacerdote. Durante anos ouvi de professores da bíblia e de pregadores de renome que o Sumo Sacerdote entrava uma vez no ano no Santos dos Santos, e que amarrava uma corda à cintura, pois se por acaso morresse, as pessoas que ficavam de fora o podiam puxar. Isto foi matéria até de Escola Bíblica. E eu fiz uma pergunta ao guia, "onde está a tal corda que o sumo sacerdote usava?", pois não a via...e para minha surpresa e vergonha, o guia respondeu-me: "Que nunca existiu essa tal corda, e que também, não há registos na bíblia de que algum sacerdote tenha morrido no Santo dos Santos". Fiquei petrificado, logo corri para o meu carro para procurar na bíblia uma passagem que provasse que o guia estava errado, mas não encontrei. Fiquei tão triste, que eu perguntei a mim mesmo: "Em que mais assuntos estarei enganado?" Jurei para mim mesmo, que nunca mais iria ouvir seja o que fosse sem que me provem pelas sagradas escrituras. A partir desse dia pedi a Deus que me ajudasse a ver sempre a verdade.
Com respeito a este assunto da igreja ser a noiva de Cristo, é um erro doutrinário igual à da corda do sumo sacerdote!
Durante muito tempo, ouvi sempre dizer que a igreja é a noiva de Cristo, e eu mesmo o preguei como tal. Mas na verdade não o é! Vamos ver pela palavra de Deus que a igreja é o corpo de Cristo.(Efésios 1:22-23). Logo aqui nesta afirmação é fácil verificar o erro doutrinário, noiva e corpo não são sinónimos como se tem imaginado.
Quem ensina isso baseia-se na passagem de Efésios 5:22-33, que parece que dá a entender que a igreja é a noiva de Cristo, ou se é noiva ou se é esposa. Paulo está a fazer uma comparação do relacionamento de um marido para com a sua mulher (esposa), o contexto aqui é sobre casamento, relacionamento marido/mulher. Este simbolismo ou figura do casamento é usado muitas vezes na bíblia para representar a relação entre Deus e o seu povo. Por exemplo em Ezequiel 16:8-14, Ezequiel descreve casamento de Israel com Deus. Será que Deus é o marido de Israel? É claro que não.
A igreja de Jesus Cristo é constituída por gentios e judeus que crêem em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. A igreja é o corpo de Cristo (Efésios 1:22-23), não diz: "é COMO O CORPO DE CRISTO". Uma coisa é afirmar e outra é comparar. Quando estamos a comparar, estamos a usar algo como exemplo. Eu posso dizer que em muitos aspectos o meu filho Benjamim é como a minha esposa, mas o Benjamim não é a minha esposa.
Em II Coríntios 11:2, Paulo escreve o seguinte: "Porque estou zeloso de vós, com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar COMO uma virgem a UM marido, a saber, a Cristo". Muitos de nós diríamos: "está a ver, somos a noiva de Cristo". Preste atenção ao que está escrito...é uma comparação, Paulo se esforçava pela igreja de Coríntio para que os irmãos em Cristo pudessem se apresentar "a Cristo" como uma virgem...não está a afirmar que somos a noiva ou esposa, mas sim a comparar a pureza de uma virgem, pois é assim que devemos lutar, e Paulo lutava com zelo, pois é a palavra de Deus que nos lava e purifica.Tal e qual como Paulo menciona em Efésios 5:26-27 - "Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra. Para apresentar a si mesmo, igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível". O que Paulo está a dizer, é que, o corpo de Cristo deve estar lavado e purificado, "Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como, também, o Senhor à Igreja. Porque somos membros do seu corpo." (Efésios 5:29-30). Somos membros do corpo de Cristo, isto sim, é uma afirmação e não uma comparação.
Paulo usa a figura do relacionamento de marido/mulher no casamento, como comparação, assim deve ser o relacionamento de Cristo (a cabeça), com o seu próprio corpo (a igreja). Ele deu a sua vida por nós e nós devemos ser submissos a Ele 100%.
Eu sei que este assunto divide a opinião e vai contra toda uma estrutura de ensino que durante anos foi ensinada. Não estou com isto ser mal educado ou querer provar seja o que for. O meu desejo, como já mencionei com o exemplo da "corda do sumo sacerdote", é de não errar. Temos que estudar mais e ler mais a bíblia. Eu decidi um dia, que não vou "comer" tudo o que oiço, mesmo quando é dito por pessoas a quem tenho muito respeito. Quero ser como os irmãos de Bereia, que estudavam as escrituras, analisavam com cuidado. Se todos fossemos como eles, talvez o Evangelho de Jesus Cristo não andasse como anda actualmente, "pelas ruas da amargura". Apesar deste assunto da noiva de Cristo não ser determinante para a nossa salvação, é importante que saibamos. Eu quero aprender mais e você? Também não tenho problema em mudar quando vejo que estou errado. Já o fiz muitas vezes ao longo da minha caminhada com Cristo.
SOMOS a NOIVA ou SOMOS os CONVIDADOS?
A parábola das dez virgens, descrita em Mateus 25:1-13, é uma das provas de que nós (a igreja) somos chamados a uma festa, e daí as nossas vestes têm de estar limpas, purificadas como uma virgem. Se somos os convidados, não podemos ser ao mesmo tempo a noiva ou a esposa de Cristo. Para entender esta parábola temos de saber um pouco acerca dos usos e costumes do povo judaico:
No casamento judaico, o pai do noivo era quem escolhia a jovem que deveria casar com seu filho, mas também havia consenso com o pai da jovem. A união de famílias, parentesco, bens materiais no geral pesavam muito neste tipo de união, justamente para fortalecer o conceito de tribo ou de um clã. Nem sempre o noivo casava com a jovem que realmente amava. Existiam também algumas tradições e culturas locais especificas. No caso do casamento, funcionava como um ritual que consistia em que a noiva tinha de esperar o noivo em casa e o noivo passava para a levar ao local onde se realizaria a grande festa. Mas, a que horas o noivo passaria, ninguém sabia, ficando o clima de suspense no ar. Como não havia luz nas ruas, era comum as pessoas ficarem à frente de suas casas enquanto esperavam. E como era à noite, neste caso, as amigas da noiva esperavam a chegada do noivo com lâmpadas acesas em frente e do lado de fora da casa. Era também costume que um membro da família, o qual poderia ser uma das amigas que estavam à espera do lado de fora, gritar: "O noivo vem aí". E, ao som de instrumentos a comitiva da noiva e do noivo juntavam-se para convidar mais pessoas da rua para a festa. Após 7 dias de festa, já casados, os noivos partiam para seu novo lar.
Nesta prática judaica, não eram as virgens, amigas da noiva, que se casariam com o noivo, mas sim a noiva. As tais virgens estavam ali para anunciar a chegada do noivo e iluminar o caminho aos convidados para a festa.
Quando Jesus usa a parábola das dez virgens, está a dar o exemplo desta tradição judaica. Ele usa esta parábola para nos ajudar a entender que devemos ser como as virgens, estarmos preparados para festa do noivo, referindo-se a Ele mesmo.
Em Mateus 22:1-14, é contada a parábola das bodas, que vem reforçar que nós, a igreja, somos os convidados: "o rei quis fazer uma festa e celebrar as bodas do seu filho, mas os primeiros convidados não estavam prontos, tal como as 5 virgens loucas (da parábola das 10 virgens) a quem faltou o óleo, pois não estavam prontas para receber o noivo".
Tanto os convidados da parábola das bodas, como as virgens da parábola das 10 virgens, representam o mesmo: A Igreja.
Na parábola das bodas, Jesus menciona os primeiros convidados, referindo-se ao povo de Israel. Jesus veio para o seu povo, mas o povo rejeitou-O. Inclusivamente, o povo matou os profetas que Deus enviou. Então, Deus decidiu convidar outros, que não esse povo, para a festa. Esses outros convidados são os gentios, isto é, todos os que não são Judeus, mas que crêem em Jesus Cristo.
Na parábola das bodas, um dos convidados não estava vestido a rigor para a festa, e foi posto fora; Na parábola das dez virgens, cinco delas não tinham azeite nas vasilhas, não estando preparadas para a festa nem para iluminar o caminho para a festa.
Jesus está a explicar que a Igreja tem de estar preparada para entrar na festa das bodas do Cordeiro. Trata-se de uma festa onde não podem entrar pessoas que não creiam, que rejeitam o amor de Deus através de seu Filho Jesus Cristo. Ou seja, não podem entrar pessoas sem “óleo nas suas vasilhas” (como na parábola das dez virgens), nem pessoas sem vestes nupciais (como na parábola das bodas), o que significa que existem regras de Deus quanto à indumentária que a Igreja precisa de usar na festa das bodas do Cordeiro. Ora, Jesus é o Cordeiro, a Igreja são os convidados.
Então, surge a grande pergunta: “quem é a noiva ou a esposa de Cristo?”
Quando lemos o capítulo 19 e o capítulo 21 de Apocalipse, verificamos, preto no branco, que a noiva do Cordeiro ou a Esposa do Cordeiro é a cidade NOVA Jerusalém. Vejamos Apoc.19:7-9: “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente, porque o linho fino são as justiças dos santos. E disse-me: Escreve: Bem aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus”.
Os bem aventurados, são os chamados à ceia das Bodas, que são os convidados, a Igreja: As justiças dos santos são linho fino da roupa da esposa (noiva) do Cordeiro. É interessante que é uma ceia, portanto acontece de noite, tal como a parábola das dez virgens se passa de noite, servindo as lâmpadas para iluminar...Assim, não me parece que sejam 7 anos de comer e beber, mas sim uma noite, uma ceia. Aliás, não há nenhuma referência na Bíblia que diga que as bodas do Cordeiro tenham a duração de 7 anos.
Agora vejamos o que diz Apoc.21:9-11:“E veio um dos sete anjos, que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro. E levou-me, em espirito, a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus; a sua luz era semelhante...”. Nesta passagem, claramente vemos que não existe a palavra noiva, mas sim "a esposa do Cordeiro" é a nova Jerusalém, que descia do céu. O Pai traz do céu a noiva para o seu filho, e a Igreja é a convidada dessa festa, desse casamento.
Muitos cristãos dizem que a igreja é a noiva, outros dizem que é Israel e há quem ainda diga que é a actual cidade de Jerusalém. Mas, tanto Israel quanto Jerusalém se prostituíram, e praticaram abominações no santuário de Deus. No tempo do governador Epífanes foram sacrificados porcos, e o anticristo se sentará no trono, no templo em Jerusalém.
A igreja foi salva pelo sacrifício do Cordeiro, mas a Nova Jerusalém é a cidade que Deus preparou, e é sem mancha, sem pecado, sem nunca ter sido profanada com sacrifícios alguns a outros deuses, apresentando-se a esposa para o Cordeiro. ALELUIA!
Leia com atenção os seguintes versículos, que são tão bonitos: “E nela (nova Jerusalém) não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua lâmpada. E as nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra. E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite. E a ela trarão a glória e honra das nações. E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.” Apoc.21:22-27
Esta cidade é governada pela glória do Cordeiro e só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro é que viverão nela. Quem são os que estão escritos no livro da vida do Cordeiro? os que foram salvos, os que fazem parte da igreja de Cristo. Ninguém mais poderá profanar, nada mais poderá contaminar: nem a mentira, nem abominações terão lugar neste tempo eterno com Deus. Este é o futuro de quem é cristão e crê em Cristo e na obra redentora do Senhor. Se for o seu caso, esteja preparado, de vestes limpas, de vestes a rigor para a festa do Cordeiro. A esposa está pronta, foi Deus Pai que a preparou, e na hora certa, ela descerá dos céus e será entregue ao noivo, que é o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
O arrebatamento da igreja é o evento em que Cristo virá buscar os convidados para a sua festa, todos os que estiverem de vestes limpas subirão a encontrar com ele nos ares. Somos como a virgem com as vasilhas cheias do óleo, que devemos iluminar ao mundo o caminho que é Jesus Cristo. Até lá preguemos o evangelho e mantenhamos as nossas vestes limpas.