Permanecer no amor, ligado à Verdade
“E agora, senhora, rogo-te, não como escrevendo-te um novo mandamento, mas aquele mesmo que, desde o princípio, tivemos: que nos amemos uns aos outros. E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento como já desde o princípio ouvistes: que andeis nele.” II João 5:6
Todas as pessoas gostam de se sentir amadas, acarinhadas, e únicas no seu valor, uma vez que todos fomos dotados de uma alma, com sentimentos. E foi Deus quem nos fez assim: de uma forma única. No entanto, o nosso conceito de amor, especialmente dentro das igrejas evangélicas, está deturpado! Por muitos anos, ouvi pregadores/pastores que resumiam o “andar em amor” em abraçar sempre o irmão, cumprimentar sempre os irmãos, falar com um sorriso, o que, sem dúvida, é bom. Mas, à luz dos ensinos da Bíblia, verificamos que não é de boas emoções que trata o verdadeiro amor (I Coríntios 13:5-7- ”O amor é sofredor; é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade; não se ensoberbece; Não se porta com indecência; não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”).
Assim, o verdadeiro amor não pode estar separado da verdade, uma vez que, para que este amor seja manifesto na nossa vida, (Gálatas 5:22),temos que estar ligados à verdade (I João 4:16 - “E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor e, quem está em amor, está em Deus, e Deus nele.”). Nas epistolas de João, este apóstolo é bem claro, afirmando que o verdadeiro amor expressa-se quando andamos segundo os Seus mandamentos (I João 5:2). Que mandamentos? Os de Deus.
Na Bíblia, está afirmado que Jesus e a Palavra são um (João 1:1-2,14), e a palavra ”verdade”, na Bíblia remete-se à Palavra de Deus ou a Jesus (João 14:16,17). Jesus disse: ”Eu sou a videira verdadeira” (João 15), portanto, tudo o que nós podemos aprender sobre a verdade vem do próprio Deus. É impossível amar a Deus e não amar os irmãos, de tal modo que é afirmado que a pessoa que não ama o seu irmão, permanece na morte (I João 3:14-15).
Verdadeiramente, o amor é a manifestação de Deus vivendo em nós, e é por isso que o amor é chamado o fruto do Espirito (letra maiúscula, pois refere-se ao Espirito de Deus). Quem está na verdade, está ligado a Cristo é por isso, dá como fruto, o Amor, logo não pode deixar de amar os irmãos.
Então e o que acontece se acharmos que andamos na verdade, mas não o comprovarmos nas nossas obras de amor? Podemos tornar-nos como os “fariseus”, que sabendo tanto de Deus e das Escrituras, não as viviam; ou podemos ainda tornamo-nos legalistas e vivermos de aparências (Mateus 23:23).
O amor de Deus é a verdade em ação, é Deus manifesto em nós, logo nós manifestamos esse amor aos outros (I João 4:19-21).
Então e se andarmos em amor, mas sem a verdade? Continuamos a ser hipócritas! A verdade acompanhada com amor de Deus, em relação ao próximo, torna-nos pessoas mais genuínas, misericordiosas, que cultivam amizades sinceras, e assim, conseguem alcançar mais corações para Cristo.
Vamos ver o exemplo de como Jesus exerceu o amor de Deus. A história está escrita em João 8:1-11, onde é relatado que os escribas e os fariseus da época levaram, a Jesus, uma mulher apanhada no ato de adultério e, conforme ditava a lei, esta mulher teria que ser apedrejada. Todavia, Jesus, sem deixar de agir com e na verdade, agiu em amor, ao dizer: ”Aquele que, de entre vós, está sem pecado, seja o primeiro que atire pedra contra ela”. De certeza que se fez silêncio, pois a verdade estava a ser exposta.
Todos pecamos, uns de uma forma, outros de outra, uns numas áreas, outros noutras, mas não há ninguém que nunca peque, e assim, todos precisamos de um Salvador nas nossas vidas. Jesus, ao agira assim, mostrou que todos precisamos da misericórdia de Deus nas nossas vidas, diariamente. Ao lerem a história, reparem que ninguém ousou levantar qualquer pedra, mas reparem também que Jesus, depois, disse: ”vai-te e não peques mais”. Nesta frase está contida a verdade (“Não peques mais” contem em si a evidência de que ela estava a pecar, mas também a necessidade de que ela própria tome consciência do mesmo e se afaste dele), mas em amor (“Vai-te”, foi algo libertador para aquela mulher, uma espécie de “Sê livre do teu pecado”). Assim, verdade e amor devem estar de mãos dadas.
Em nós próprios, não há capacidade de amar (com o Amor de Deus, verdadeiro, sem qualquer tipo de interesse) as pessoas, e quando deixamos de sentir por elas, simpatia, ou paixão, ou qualquer outro sentimento que nos aproxime delas, então essa capacidade ainda se torna mais escassa. Por isso, termino dizendo: se realmente Deus for Deus das nossas vidas, o fruto do Amor vai ser visível!
João 15:5 - ” Eu sou a videira verdadeira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.”