“Ora, não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e o de seus irmãos: Tiago, José, Simão e Judas? (Mateus 13:55)

À data que escrevo este artigo, a igreja Lighthouse vive o seu 3º aniversário. Dizem que os piores tempos de uma igreja, antes de começar a crescer com consistência, são entre o 3º e 4ºano de existência. Se ela sobreviver, então começará a crescer. Este ano e o próximo, poderão ser os piores tempos da igreja Lighthouse? Não sei. Está nas mãos do Senhor.

Nestes 30 anos de Evangelho, fui treinado, com técnicas do mundo empresarial, a analisar e a tomar medidas para que as igrejas cresçam. Até então, olhava para os números, gráficos, estatísticas. Se uma igreja não aumentava em número de pessoas é porque algo estava mal com essa igreja. O mal poderia estar no pastor, na família do pastor, ou então, teríamos que encontrar o mal na congregação, quem sabe um murmurador, um maldizente, um ladrão, alguém a causar divisão na igreja.

Caso o mal não fosse encontrado, então teríamos de intensificar a evangelização, distribuição de folhetos, propaganda, estabelecer novas reuniões, estabelecer nova liderança, criar novos cargos, títulos, promovendo pessoas a cargos, promovendo abertura de novos departamentos, para que as pessoas se mantivessem no mínimo ocupados e a frequentarem as reuniões da igreja, para que o número não baixasse. O ataque final seria o que se chama de: “pontos de contacto” ou “objetos de fé” tais como: Reuniões especiais, com propósitos: “Vem para teres um toque de Deus, um milagre, o lenço ungido, a água ungida, a oferta que te vai trazer a cura, a unção apostólica, passar pelos bispos que vão ungir a tua oferta, etc”. Tudo servia para “dinamizar” a igreja, movimento, quanto mais “movimento” melhor, uma cara nova, um som mais potente, uma luz, um fumo, um ecrã gigante para passar as letras das músicas, muito louvor, muitas danças, muitos teatros, muitas participações especiais, convidados, tudo para que haja “movimento”.

Este é o espetro da realidade de muitos, ao qual, graças ao bom Deus que eu saí desse espetro. Foi-me muito difícil, durante décadas ouvia as mesmas coisas, os mesmos ensinos, as mesmas doutrinas de homens. Quem ainda se encontra neste espetro, compreendo perfeitamente a dificuldade na mudança, pois são muitos anos.

O que fazer então com a igreja Lighthouse se este ano e o próximo não crescer, pelo contrário, decrescer? Nada.

Porquê? Porque hoje vejo o Evangelho na ótica de Jesus Cristo e não na ótica empresarial. Jesus dizia a Pedro: “Para trás de mim, Satanás, que não compreendes as coisas de Deus, mas somente as dos homens.”  Pedro tinha acabado de ter uma revelação do Pai celestial: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.”  Mas a revelação de Pedro sem entendimento, de nada valeu naquela hora. Muitos têm revelação, mas continuam a não entender as coisas de Deus, apenas entendem as dos homens.

Pela graça de Deus, hoje entendo muito mais, as coisas de Deus, entendo que o Senhor da igreja Lighthouse é Jesus Cristo e que se ele entender que a igreja não cresce em número, durante o tempo todo da sua existência, assim será. Sou franco, gostaria que crescesse, mas se o Senhor entender que não, pois assim será.

O que é que eu desejo? Desejo uma igreja com pessoas realmente convertidas ao Evangelho de Jesus Cristo. E isso, não pode ser feito pela força ou sabedoria humana, mas sim no poder de Deus.

Quanto à existência de murmuradores, maldizentes, ladrões, divisores de igreja, ou até mesmo se o pastor e a sua família estiverem mal, sei que Deus tratará do assunto muito bem. Confio que Ele tem o poder para resolver tudo como ele sabe resolver.

Surpreende-me, ainda hoje, quando leio, o modo como Jesus Cristo tratou estes assuntos. O que Jesus fez? Nada. Apenas continuou o seu caminho e se entregou ao Pai: “Pai está consumado, em tuas mãos entrego o meu espírito.”

Nas mãos do Senhor entrego tudo; a igreja e as pessoas que atualmente congregam.

Vou continuar o meu caminho, como o tenho feito, desde o início da igreja Lighthouse, já passaram muitos, uns ficam, outros não.

“Ora, não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e o de seus irmãos: Tiago, José, Simão e Judas?

Sinto-me assim, desculpem a ousadia, sinto-me filho do carpinteiro, não que haja algum mal, ser filho de carpinteiro, mas é o modo como muitos nos veem: “Quem são estes? Que Evangelho é este?”

Esta é a dúvida que se instala, também diziam o mesmo de Jesus Cristo; “que Evangelho é este?” Pois não é igual ao que está estabelecido pelos nossos líderes conhecidos mundialmente, pelos grandes autores de livros, os grandes apóstolos e bispos da nossa praça, essa não é a doutrina que durante anos predomina nas nossas escolas bíblicas das quais todos aprendemos. “Quem são estes? Que Evangelho é este?”

Termino a encorajar a todas as igrejas que se sentem como “filho do carpinteiro”, que não desanimem, continuem a pregar o Evangelho, sem esquemas, sem técnicas empresariais, anunciemos todos que: “Cristo é o Filho do Deus vivo”, que sobre esta revelação, somos edificados, casa espiritual.

 

Deus abençoe a todos.

José Fidalgo

15/06/2021