Nunca pensei na minha vida de cristão ter que fazer uma declaração destas. Mas, o que chamamos de cristianismo ou movimento evangélico, tornou-se um sistema religioso e uma fonte de apostasia.

“Para que não nos tornarmos apóstatas e para bem da nossa saúde espiritual, é melhor não frequentar nenhum sistema religioso.” Pois podemos ficar contaminados com falso evangelho, que nos afasta para longe da verdade.

A palavra apostasia vem do grego “APOSTÁSIS”. Significa: “Estar longe de.” Afastamento definitivo e deliberado de alguma coisa. Renúncia da sua anterior fé ou doutrinação.

Um apóstata pode ser vítima de descriminação, de preconceito, intolerância, difamação, calúnia e até de pena de morte, como acontece ainda com alguns países muçulmanos, tais como; Arábia Saudita.

O cristianismo não foge à regra, a mesma descriminação é real ou até pior que a pena de morte. A história da igreja Católica é rica em perseguição, quem não fosse a favor da doutrina da “santa igreja” seria alvo a abater. Hoje, encontramos o mesmo “espírito” no movimento evangélico, as doutrinas de homens crescem como erva daninha e a uma velocidade incrível, tornou-se uma fonte de apostasia muito grande.

Há quem pense que a apostasia acontece quando alguém se afasta da igreja, deixa de frequentar ou então, muda de igreja. Mas a verdade é que a apostasia nada tem a ver com o afastamento do espaço físico, mas sim com o afastamento da verdade do Evangelho de Jesus Cristo. Podemos encontrar templos cheios, com milhares de pessoas e a maioria terem já se apostatado. Porquê? Porque se afastaram da verdade e da simplicidade do Evangelho de Jesus Cristo.

“Ó INSENSATOS gálatas! Quem vos fascinou, para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado? Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei, ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” (Gálatas 3:1-3)

Paulo constatou que uma boa parte dos gálatas apostataram-se da verdade do Evangelho. No entanto eles iam à igreja. Vemos que esta igreja era uma fonte de apostasia, começaram bem, no Espírito e agora andam na carne. “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”. (2 Timóteo 3:1-5)

Desta vez, Paulo fala a Timóteo, um jovem pastor, que estivesse em alerta e exorta-o a se afastar de pessoas que ele descreve acima. Porquê? Para que não nos apostatemos da verdadeira fé, do verdadeiro Evangelho. Os homens que são amantes de si mesmo, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afecto natural...nunca irão conseguir pregar o verdadeiro Evangelho, porque eles rejeitam-no. O que é que eles pregam? Pregam a eles mesmos, doutrinas de homens, tendo aparência de piedade. Este tipo de “espírito” é a fonte da apostasia.

O movimento evangélico está cheio de homens e mulheres assim, conforme Paulo descreve a Timóteo. É triste? Sim e muito. Mas é a realidade, nua e crua. Quando vejo pregadores que se usam do púlpito para venderem panos ungidos, para venderem revelações, profecias, unções apostólicas e proféticas, quando digo: “vender”, não me refiro apenas a dinheiro, mas vender a ideia! Os que proclamam o ano disto e daquilo, criando expectativas de que: “Agora é que vai ser”, os que declaram que o Covid19 vai desaparecer até ao fim do mês, os que falam das dispensações, os que falam de Israel e têm a Israel como um “bezerro de ouro”, bem como toda a simbologia israelita, dados ás festas, ás práticas da lei de Moisés, vestidos como os antigos sacerdotes, enfim, tudo isso é o que Paulo fala: “Obras da Carne e obras da lei”. Como eles mesmos, não têm mais Evangelho para dar, dão obras da carne, criando um ambiente místico! Tudo isto é uma fonte de criação de apostasia.

Estamos todos à espera que o diabo traga a apostasia, mas infelizmente é o movimento evangélico que está na raiz da apostasia. O diabo usa a religião e os sistemas religiosos para tal.

Uma outra forma de criar apostasia no coração das pessoas é o modo como as lideranças lidam com as famílias e membros da igreja, ao ponto de dividirem as famílias em defesa das suas próprias causas ou doutrinas. Fiz parte de um ministério, que o próprio lider encorajava os casais a divorciarem-se, caso um deles não fosse de acordo com a visão da igreja. É algo surreal, mas isto acontece dentro do tal movimento evangélico. Quando a todo o tempo, o Evangelho nos encoraja à reconciliação, ao perdão, em certos lugares, somos encorajados à divisão, ao divórcio, ao deixar pai e mãe, não por amor ao Evangelho, mas por amor ao nome do ministério e por amor ao narcisismo do líder. Isto e outras coisas têm criado a apostasia, muitas pessoas se afastam das igrejas, não porque elas não amem a Deus e o Evangelho, mas porque não aguentam o “espírito da apostasia” dentro da igreja, é um outro evangelho!

Sinceramente, hoje, dou a mão à palmatória, é bem melhor, é bem mais saudável, espiritualmente, sair desses movimentos do que andarmos lá e a sufocar a pouca fé que ainda nos resta.

O cristianismo não foi fundado por Jesus Cristo, mas sim pelo imperador Constantino. O que Jesus Cristo nos trouxe foi a “Boa Nova”, o Evangelho. E é Nele que devemos andar. Quanto ao espaço físico, é saudável pertencer a uma comunidades cristã, que faz do Evangelho o seu modo de viver. A procura de uma igreja saudável é importante, por vezes é preferível gastar mais tempo na verificação do que nos lançarmos de cabeça, nunca vamos encontrar perfeição, isso não existe, mas estou certo que encontraremos pessoas sinceras, que querem viver a simplicidade do Evangelho, pois é importante que as encontremos, pois faz-nos bem. Graças a Deus que há muitas boas pessoas neste país, há várias igrejas e comunidades cristãs que saíram já do sistema, que estão a fazer um bom trabalho e magnifico, alguns já há muitos anos, mas que não são tão conhecidos.

Jesus dizia:“Busca e encontrarás, bate e a porta se abrirá”.

Memórias de 30 anos de Evangelho – José Fidalgo 11/05/2020