“Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. (João 3:3

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. (2 Coríntios 5:17

“E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. (2 Coríntios 5:15

"Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos". (Lucas 22

---------

A fé, a graça da salvação, são dons de Deus para toda a humanidade, estando nós ainda mortos, em nossos pecados e ofensas, ele nos vivificou.

Mas nascer de novo, requer algo de nossa parte.

Jesus disse: “...aquele que não nascer de novo...”,  há quem não nasce de novo...

Nascer de novo não tem a ver com o frequentar a igreja ou pertencer a uma religião.

Nascer de novo não tem a ver com o andar ou seguir a Jesus Cristo.

Nascer de novo não tem a ver com o ser um escolhido de Deus.

Quando Jesus escolheu 12 homens para que o seguisse, eles não foram escolhidos por serem homens que tivessem nascido de novo, eles não sabiam muito bem quem era aquele que os convidava e o curioso, é que Jesus os convidou. 

Várias vezes Jesus menciona que sabia quem eram os que criam nele e os que não criam, bem como, quem era o que iria traí-lo: “Entretanto, existem alguns de vós que não crêem.Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o iria trair”. (João 6:64

Para além dos 12, Jesus sempre teve multidões que o seguiam e o ouviam, onde houvesse multiplicação de pão e peixe estavam presentes, sabemos que a certa altura, a maioria o abandonou e porquê? Porque não criam em suas palavras. Eis o que ele diz a certa altura, a todos, na presença dos 12: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam; E não quereis vir a mim para terdes vida. Eu não recebo glória dos homens; Mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus.
Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis
.”  (João 5:39-43

Hoje é igual.

Igrejas há muitas e multidões também, todos falam de Cristo, todos se assumem como cristãos, servos de Deus, escolhidos do Senhor, discípulos de Cristo, seguidores e apaixonados pelo Evangelho. A grande questão é: “Quantos nascem de novo?” 

Alguém dirá: “Não sabemos, só Deus sabe”. É verdade que Deus sabe, mas também é verdade que nós podemos saber. Como? Pelos Frutos, disse Jesus Cristo. É impossível brotar figos dos espinheiros, assim como é impossível brotar espinhos de uma figueira. 

Quem nasce de novo não brota frutos do velho, quando o vinho é novo, tem de ser colocado em odres novos, quando o tecido é novo não pode ser remendado com pedaços de tecido velho, assim é o novo homem que nasce de Cristo, nova criatura é, eis que tudo se fez novo. É interessante que a Escritura não diz: “eis que tudo se fez de novo, mas sim, se fez novo”.  É uma grande diferença, por exemplo, um carpinteiro que restaure uma cadeira velha, ele a faz de novo; mas se colocar de lado a madeira velha e compra madeira nova, ele a faz nova, isto é, nada do velho resta, tudo se fez novo. Tudo se fez novo em Cristo Jesus, as velhas coisas passaram, ficaram para trás, tudo se fez novo para vivermos para aquele que por nós morreu e ressuscitou.

O Evangelho produz mudança. A mudança começa no entendimento, se o entendimento muda, nossas acções mudam, essa é a proposta do Evangelho. Quando uma pessoa entende com a mente, discerne com o coração, ela se constrange, é aí que, se inicia um processo novo ao que chamamos de arrependimento, NASCER de NOVO.

O Evangelho não é feito de comportamentos perfeitos, apesar de que, os nossos comportamentos são precedidos pelo modo de pensar e de acolher princípios...no entanto a ciência e a tecnologia já produzem robots com inteligência artificial e programados com comportamentos perfeitos, que não vão mentir, não vão adulterar, nunca serão corruptos, só que não têm vida.

O Evangelho produz vida, produz luz, produz justiça, consciência e verdade, produz entendimento e através disso, produz fruto dessas realidades se manifestarem no quotidiano humano.

Simão Pedro ainda não estava convertido, ele bem dizia a Jesus, que estava disposto a morrer por ele, mas a verdade é que não, pois quando foi testado, ele o nega três vezes. Ao quê que ele não estava convertido? À esta proposta do Evangelho, o seu entendimento não era suficiente para produzir fruto que necessitava para aguentar aquela hora negra que viria sobre ele e os restantes discípulos. Pois Jesus lhe disse: “...mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça;... 

A graça de Deus e a fé envolvia Simão, Simão andou com o Messias, o Salvador, ele o sentiu, ele o viu, ele assistiu a milagres e curas maravilhosas, ele andou por cima do mar para ir ter com Jesus, ele provou a graça, a fé, a presença do Espírito Santo, quando ele diz a Cristo: “Tu és o Cristo o filho de Deus vivo” e Jesus lhe diz: “que foi o Espírito do Pai que o lhe revelou”. Uauuu! 

 

O entendimento de Pedro muda quando Cristo ressuscita!

No livro de Lucas, no capitulo 24, é um capitulo muito importante de ser lido, porque conta a parte, após ressurreição, Cristo aparece a várias mulheres e após uma pequena conversa, ele se revela a elas e pede para que anunciem aos discípulos que ele vive. No entanto os 11 não creram nelas, pensaram que elas estavam a delirar. Tantas vezes  que eles ouviram falar deste dia, mas mesmo assim, eles não creram nelas.

O Pedro saiu e foi a correr ao sepulcro e viu os panos de linho, fica admirado, mas mesmo assim, fica a dúvida, até que Cristo lhes aparece e diz a todos para verem e sentirem as suas mãos e pés, a certa altura diz: “ São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras;”. Quando o entendimento lhes foi aberto, então sim, eles creram e entenderam o que Cristo lhes andou a falar, durante todos aqueles três anos que andaram com ele. 

Nascer de Novo não é apenas reconhecer que Cristo é Filho de Deus, mas crer Nele, nas suas  palavras e entende-las com discernimento, fazer das suas palavras uma mudança que nos confrange a agradá-lo. 

“E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade. Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo. Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfémia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós, Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo”. (Efésios 4:24-32

Quando olho para a actualidade da igreja, no modo geral, vejo muitos como Simão, com um fraco entendimento de Cristo e do Evangelho, sem lucidez, sem discernimento,  seguem doutrinas de homens, regras, comportamentos rigorosos e padronizados pela religião, outros chegam a provar o dom Celestial, se fazem participantes do Espírito Santo, isto é, se fazem convidados para uma festa, para a qual, não estão vestidos a rigor, porque o fruto é mau. Quando vejo cristãos a se gladiarem nas redes sociais e não só, quando vejo manifestações de ódio, de raiva, de ira, de roubo, de palavras torpes, de amargura, de falta de perdão, de gritaria e de blasfémia, vejo um espinheiro a tentar dar figos e isso é impossível, vejo um vinho novo dentro de odres velhos, o vinho não será bom, vejo um pano novo com remendos velhos, o buraco será cada vez maior. 

Quem nasce de novo, é atraído para as coisas espirituais, o espírito inclina-se para as coisas do espírito e não para as da carne. Quem nasce de novo tem vontade de ler a bíblia, tem vontade de orar, quer conhecer mais de Deus, muda as prioridades da sua vida para conhecer e entender mais a Cristo e viver para ele, tal como Paulo menciona: “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. (2 Coríntios 5:15

O que significa viver para Cristo? É permitir ser habitado pelo Espírito de Cristo, obedecer a seus mandamentos com prazer sem ser imposto: “Que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei”.  É seguir o caminho do amor, viver o Evangelho como lei de vida e não como uma obrigação, é viver uma vida altruísta, generosa, cheia de misericórdia pelo próximo, a perdoar, a vencer o mal com o bem, sendo simples como as pombas e prudentes como as serpentes, cheio de sabedoria de Deus, que se prepara, que estuda, que adquire conhecimento, que sabe fazer as contas, que trabalha não sendo preguiçoso, que ama a sua família, trata a esposa melhor que ninguém, os seus filhos são educados e disciplinados na doutrina do Senhor, tudo isto, é o bom fruto que o Evangelho produz. 

Quando analiso nações, onde multidões se dizem de Cristo, mas o fruto não é o fruto do Evangelho, então estamos a tentar colher figos onde abunda os espinhos. Muito poucos são os que verdadeiramente nasceram de novo. Todos ficamos contentes quando ouvimos dizer que o presidente tal se converteu, que o artista tal se converteu, eu também gosto de ouvir, no entanto, que fruto? que fruto virá dali? Pois as palavras levam o vento...

Memórias de 30 anos de Evangelho – José Fidalgo

10/02/2020