Jesus não é o fundador do cristianismo, ele nunca disse: “fazei cristãos”. O termo cristão vem mencionado no livro de Atos dos Apóstolos, onde foi usado uma única vez pelos de Antioquia, mas que, não vemos mais vez nenhuma os escritores e os apóstolos de Jesus Cristo a mencionarem o termo ou a reforçarem ao longo de toda a Escritura do novo testamento. Os termos são sempre: “meus irmãos, meus filhinhos, discípulos de Jesus, aos santos que estão em…, aos fiéis, aos chamados queridos em Deus Pai (termo que Tiago usa na sua carta)”. Enfim, toda a Escritura é dirigida de forma íntima e pessoal e não institucional.

Cristianismo é a forma institucional, que o homem criou ou fundou para mostrar aqueles que se dizem de Cristo, mas que infelizmente este “ismo” tornou-se numa radicalização anti Evangelho, Anticristo, pois desde Constantino, o pai do cristianismo, há um clamor de “mãos ensanguentadas”.

Hoje o cristianismo continua igual e confunde-se com o Evangelho de Cristo. Reparo que não sabemos o que significa praticar o Evangelho, para muitos, praticar o Evangelho tornou-se em hábitos cristãos tais como: participar da Ceia do Senhor, participar do grupo da igreja que canta e toca, participar do grupo de oração, do grupo das senhoras, do grupo dos jovens, participar todos Domingos, se possível nunca faltar nas missas, nas reuniões evangélicas, nas campanhas, nas convenções, das festas de Páscoa e Natal, seguir a liturgia a rigor, os tempos para cada item na liturgia são controlados, cenários e pregar o que as pessoas desejam ouvir, fazem-se estudos de marketing para transformar o Templo, o local onde as pessoas se reúnem, a casa de Deus como chamamos, atrativa, criam-se ambientes acolhedores, simpáticos, luzes, som, palco, transmissões online de qualidade e todo o tipo de indumentária. Para além de que, o servir a Deus está ligado a uma estrutura organizada de títulos pomposos, crescer na estrutura significa que a pessoa tem de se tornar membro, depois batiza-se, depois faz o curso Y e X, mais tarde é aprovado para ser diácono e assim sucessivamente, uma espécie de linha de montagem, formatamos a mente das pessoas à nossa caixa de fazer discípulos, fazemo-los discípulos de nós mesmos, incutimos as nossas ideias, as nossas doutrinas, as nossas escolas bíblicas, chamamos a isso de “fazer discípulos de Jesus Cristo” ou “verdadeiro cristianismo”.

Quão afastados do Evangelho estamos. Pois nós mesmos, que mergulhamos neste cristianismo temos muito pouco Evangelho e mais grave, é ver muitos cristãos a mergulharem na política, acreditam que a igreja deve influenciar o mundo através da política, o gosto pelo poder, a radicalização da moral, queremos santificar a política, converte-la a este cristianismo sem Evangelho, meu Deus que perigo!

Termino este texto com uma declaração de Jesus Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei…ninguém tem maior amor do que este, de dar a vida pelos amigos”. Este é o Evangelho de Cristo, esta é a fundação dos irmãos, dos queridos, dos fiéis, dos meus filhinhos, dos santos, dos discípulos de Jesus Cristo. Enquanto não chegarmos a esta fundação e a não praticarmos, somos apenas filhos de instituições.

José Fidalgo

01/04/2021