O louvor a Deus é uma questão complicada. Apesar de sabermos a sua definição, muitas vezes confundimos o que na prática deve ser feito. No mundo cristão, pensa-se que louvar é sinónimo de fazer/tocar músicas, ou o contrário de adorar, no que toca ao andamento da música. Pensa-se que louvar é com músicas rápidas e adorar é com músicas lentas.
ERRADO! Em primeiro lugar, não há nada na bíblia que confirme tal afirmação. Em segundo lugar, louvar a Deus é muito mais do que tocar músicas e é muito mais profundo do que aquilo que estamos habituados.
Louvar a Deus é uma atitude de coração. Em Provérbios 4:23 diz “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida”. Este sábio conselho revela que o coração de uma pessoa é muito importante nas decisões que a mesma toma ao longo da sua vida. Neste versículo, o coração significa a nossa essência, a nossa alma, a nossa vida. Guardar o nosso coração é manter a nossa alma pura, sem ofensa e sem pecado e constantemente grato pela fé que temos em Jesus Cristo.
Ao guardar o nosso coração de toda a impureza e mantermos uma atitude de gratidão, gera-se um resultado, um fruto: o louvor. O louvor que oferecemos a Deus é, primeiramente, uma consequência do nosso coração grato. É por isso que o salmista diz no Salmo 108:1 “Preparado está o meu coração, ó Deus; cantarei e salmodiarei com toda a minha alma”, porque houve uma intenção em limpar o coração de tudo que podia impedir a gratidão de habitar nele. Estará o nosso coração preparado para louvar a Deus com ações, palavras, atitudes e decisões?
Em Hebreus 13:15 diz, “Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus, sacrifício de louvor, isto é o fruto dos lábios que confessam o seu nome”. Aquele que crê no evangelho de Jesus Cristo e que o pratica gera em si um coração grato que, consequentemente, brota um “sacrifício de louvor”. Este “sacrifício de louvor” é chamado sacrifício porque, por vezes, é difícil escolher seguir o evangelho (porque também isso é louvar a Deus) em vez da nossa vontade pecaminosa. Quando eu escolho perdoar quem me fez mal e amá-lo com o amor de Cristo, é louvar a Deus, porque decidi seguir as palavras do evangelho em vez da minha vontade de me vingar. Eu louvo a Deus quando trato bem o meu marido e decido trata-lo como se fosse o próprio Jesus à minha frente. Eu louvo a Deus quando, em silêncio, penso na misericórdia que Ele tem tido para comigo, mesmo quando eu falho vezes sem conta. Eu louvo a Deus quando estou a ter uma conversa com uma amiga e decido não falar mal de outras pessoas. (Colossenses 3:17- “E, quanto fizerdes, por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”).
Há várias formas de louvar, sem ser com música (Lucas 1:64- “E logo a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; e falava, louvando a Deus”). No entanto, Deus criou a música por uma razão; a música é uma linguagem universal e que, muitas vezes, nos ajuda a decorar a mensagem que a mesma procura transmitir. A música, no seio cristão, serve para, em conjunto, nos exortarmos uns aos outros e falarmos da bondade de Deus uns aos outros (Salmo 133: 1- “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!”; Salmo 122:1- “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor!”; Colossenses 3:16- “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração”).
Salomé Silva
29/05/2021