“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão. Ouçam bem o que eu, Paulo, tenho a dizer: Caso se deixem circuncidar, Cristo de nada lhes servirá. De novo declaro a todo homem que se deixa circuncidar que ele está obrigado a cumprir toda a Lei. Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de Cristo; caíram da graça”. (Gál.5:1-4) 

Foi exactamente isto, que Paulo descreve, o que aconteceu à igreja onde ouvi o Evangelho de Cristo pela primeira vez. Saíram da liberdade com que Cristo os libertou e se colocaram novamente a um jugo de escravidão. Quem assim procede, cai da graça do Evangelho e Cristo de nada lhes servirá. 

Como é que tudo aconteceu? Entraram doutrinas falsas, muitas delas nasceram de dentro do próprio ministério, de um mau entendimento das Escrituras, que se herdou do movimento Rhema, iniciado pelo falecido Kenneth Hagin e de uma herança hermenêutica vinda de movimentos pentecostais liderados por: Kenneth Copland; Jerry Savelle, Creflo Dollar, Benny Hinn, Morris Cerullo, John Osteen e muitos outros.

Mas o problema mais grave foi, quando a certa altura surge no “mercado evangélico” a igreja Universal do Reino de Deus, fundada no Brasil pelo bispo Edir Macedo, rapidamente torna-se num fenómeno de movimento de grande número de seguidores e de poder económico. 

Só para se ter uma ideia, os censos do Brasil, contabilizam cerca de 9 milhões de membros, distribuídos pelos milhares de templos no Brasil. Se cada membro ofertar apenas 1 €uro, estamos a falar de 9 milhões de euros de arrecadação todos os fins de semana, livres de impostos e com uma imensa mão de obra voluntária. A aquisição de canais de televisão, principalmente a rede Record e um conjunto vasto de licenças de rádio, com apoio politico, para adquirir as licenças, faz com que as suas doutrinas entrem todos os dias nas casas de milhões de brasileiros. Fora do Brasil, a táctica é a mesma, aquisição de mídea, alugando espaço em rádios e televisões que estejam a tremer das pernas, com falta de recursos, os valores que se oferecem pelo espaço horário, faz com que a maioria dos donos de rádios e televisões fiquem reféns de tão generosos pagamentos. 

Só que, infelizmente falam de um Jesus que não é o Jesus do Evangelho, falam de Deus, falam da Bíblia, inclusive o slogan deles é: “Jesus Cristo é o Senhor”, mas é apenas fachada, porque de Senhor não tem nada. 

Este tipo de igrejas funcionam bem em países onde o misticismo e o catolicismo é forte, países como: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique são exemplos disso mesmo. Aproveitam as crenças e o misticismo do povo que está enraizado na cultura e transferem-no para o que eles chamam de “pontos de contacto da fé”.  O povo que está habituado a adorar ídolos, uso de amuletos, rezas, sinais da cruz, benzedoras, agua benta, exorcismo, exoterismo, missas, agora são substituídos por: copo de agua, fogueira santa, agua do rio Jordão, madeira da cruz de Cristo, vigílias, correntes de oração, expulsão de demónios, subir ao monte, rodear a cidade, panos ungidos, óleos da unção, candelabros judaicos, bandeira de Israel, festas judaicas, simbolismo judaico e práticas da lei cerimonial de Moisés. O ponto alto foi a construção do chamado Templo de Salomão em São Paulo, Brasil, inclusive, fizeram uma réplica da arca da aliança, os pregadores vestem-se como aos sacerdotes do velho testamento, todo o cerimonial é feito como se vivêssemos no tempo de Moisés ou do Rei David. 

Mas não importa, seus discursos cativam a ganância das pessoas por dinheiro, pois, estão baseados nas promessas de enriquecer, de prosperar, de uma vida de sucesso, mas para isso, o povo tem de entrar neste jogo cerimonial e sacrificial para serem abençoados por Deus. Por incrível que pareça, pela ignorância, o povo segue este pessoal e no caso do Brasil e outras nações de cultura idêntica têm sucesso. 

Este sucesso é invejado por muitos, e muitos passaram a copiar os mesmos métodos, mudando apenas alguns nomes e formas de fazer, mas o “espírito” é o mesmo. A formula funciona, principalmente para aquisição de recursos financeiros, o deus é o Mamom e não o Evangelho de Cristo. Mas infelizmente, a igreja Maná, onde me converti em 1986, que começou de modo singelo, foi, foi, foi, até que quis o mesmo deus que a Universal segue, o Mamom. 

Se alguém quiser voltar à lei, é obrigado a cumprir-la na integra e assim, Cristo de nada lhes servirá. Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de Cristo; caíram da graça”. (Gál.5:1-4). 

Ora sabemos que a lei de Moisés, por um lado é perfeita, por outro lado nos condena e nos mostra que somos pecadores, pois é impossível a cumprirmos, pois basta falhar um só decreto para sermos condenados. No entanto, Cristo foi o único que cumpriu a lei e a cumpriu por nós. 

Assim sendo, em Cristo a condenação da lei foi anulada, a Cédula que nos era contrária foi riscada pelo sangue do Cordeiro na cruz do Calvário e nossos pecados perdoados. Hoje não precisamos mais de sacerdotes para ministrar, Cristo é o nosso sumo sacerdote que fez toda a propiciação de nossos pecados, em Cristo estamos lavados, sem pecado diante de Deus o Pai. 

Basta ler o livro de Hebreus para entender o que estou a escrever.

Mas, se procurarmos novamente ser justificados pelas obras da lei, então, segundo o Evangelho de Cristo, estou novamente a colocar-me debaixo de jugo da servidão, fico novamente servo do pecado, debaixo da maldição da lei. 

É interessantes que eles pregam “Cristo nos resgatou da maldição da lei”, mas depois voltam a ficar debaixo da mesma maldição da lei, pelas obras cerimoniais e sacrificiais que fazem em seus cultos e levam o povo a fazer. É uma contradição que não dá para entender, mas eles, pela ignorância do povo, que não lêem a bíblia, que têm um coração enraizado no misticismo e na idolatria, facilmente conseguem levar a agua ao moinho deles. É pura maldade, porque a maioria dos líderes sabem a verdade! 

Não admira que a nação Brasileira esteja debaixo de maldição, como é possível milhões de supostos crentes em Jesus, permitirem uma nação como ela está. O fruto não é do Evangelho de Cristo, porque o fruto que predomina na nação é o fruto da corrupção. É o mesmo fruto que predomina no ensino da igreja Universal e que muitas outras a copiam, corrompem o Evangelho de Jesus Cristo. Seguem o deus Mamom! 

Infelizmente, a igreja Maná em Portugal está igual e algumas outras também, corrompeu-se o Evangelho em Portugal, assim sendo, o fruto também não é melhor do que no Brasil, predomina o fruto da corrupção. 

Condicionamos Deus a pacotes de vitória e de conquistas pessoais e para que tudo tenha um ambiente credível, juntamos o lado místico, junta-se elementos tais como: agua, vinho, azeite, dentro de vasos, onde se mexe e remexe com a mão do apostolo e chamamos a esses elementos de ungidos pelo apostolo. Depois besunta-se a cabeça das pessoas para elas serem ungidas com aquela unção especial do apostolo para obterem grandes conquistas e vitórias, lenços ungidos com assinatura do apostolo, envelopes ungidos para as ofertas se multiplicarem grandemente, vigílias para levar o povo a semear mais uma vez, para que Deus possa atender às orações, correntes de oração para derrotar o diabo, depois vem as programações do ano da conquista, do ano da vitória, do ano da restituição, e todos os anos é assim, místico, tudo serve para dar aquele “Tcham” aquele “Glamour” espiritual, de que agora é que é, agora é que Deus vai mesmo ouvir a tua oração. Juntando a isto, vem aqueles que adoram tudo o que de Israel vem, é a bandeira, é o candelabro, é a festa das primicias, é a festa das colheitas, enfim...o que dizer? Tudo para criar o ambiente para o “Espírito de Deus se mover...” 

Eu tenho horror quando ouço esta frase: “Vamos fazer isto, para criar ambiente de fé...ou para o Espírito se mover...” Esta história de criar ambientes na igreja é de lunáticos, nunca vi Jesus a criar nenhum ambiente especial para a fé funcionar ou para o Espírito se mover. É a música de fundo, são as luzes, os fumos, os óleos especiais, a agua e vinho...eu estou cansado disso, é uma tristeza e um profundo desconhecimento do que Cristo fez por nós. “Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de Cristo; caíram da graça”.(Gál.5:1-4) 

O triste, é que passou a ser prática calendarizada, todos os meses são as mesmas lições, os mesmos versículos, os mesmos exemplos, as mesmas práticas cerimoniais e sacrificiais...entra-se num ciclo vicioso sem a alegria do Espírito Santo. 

Voltamos às práticas das obras mortas, antigamente, pregava-se contra as obras mortas e falávamos do arrependimento de obras mortas, falava-se da idolatria, da bruxaria, e agora? Agora as obras mortas foram transferidas para os “pontos de contacto da fé”, o ídolo da virgem Maria foi substituído pelo apostolo, a agua benta foi substituída pela agua normal e vinho ungido pela mão do apostolo, não admira pois, que cada vez mais, encontramos pessoas cansadas e oprimidas, amarradas a jugos pesados, vivem com medo de serem amaldiçoadas, com medo do diabo, com medo do que o apostolo poderá dizer ou fazer, isso é ditadura espiritual. 

Obras mortas são também, as práticas cerimoniais e sacrificiais do velho testamento, como as festas judaicas, todos os simbolismos judaicos, a bandeira de Israel, candelabros, arca da aliança, vestes sacerdotais, deixaram de adorar a virgem Maria para adorar Israel, todos os que assim procedem, caiem da graça e Cristo de nada lhes servirá, voltando ao jugo da escravidão. Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de Cristo; caíram da graça”. 

É com muita tristeza minha, que verifico uma igreja caída da graça, vejo pessoas fantásticas debaixo de um jugo pesado, intimidadas, sem alegria, doentes, carregam fardos pesados em seus ombros, fruto de doutrinas falsas que têm como base, as obras mortas. 

Encorajo a todos que leiam com muita atenção o novo testamento.

Deixo aqui uma recomendação, leiam a primeira carta de João.

Tenho para comigo, que os milhões de pessoas que pensamos estarem salvas, não estão, porque crêem num Jesus que não é o Jesus do Evangelho! Há muito trabalho para fazer.

Deixo também uma palavra a todos os meus colegas e pastores que não se identificam com estas práticas, não desanimem, fiquemos firmes no Evangelho de Cristo, preguemos com toda a ousadia.

 

Memórias de 30 anos de Evangelho – José Fidalgo

27/01/2020