Jesus Cristo nunca nos mandou abrir igrejas. Ele nos mandou pregar o evangelho e fazer discípulos dele. Como resultado deste mandamento começam a surgir comunidades de pessoas que se juntavam nas casas e em algumas sinagogas de Judeus convertidos. A primeira grande pregação, após Jesus, foi feita por Pedro na rua e cerca de 3.000 pessoas se converteram.
Assim começou a divulgação do evangelho de Jesus Cristo, nas ruas, nas casas, em algumas sinagogas, os discípulos se multiplicavam todos os dias, não havia bíblias, apenas as antigas escrituras e a pregação dos apóstolos, eles sim, tinha presenciado a tudo, com Jesus, desde o inicio.
Daí que, não havendo o evangelho escrito, mas apenas o falado, os discípulos cresciam no fundamento dos profetas e dos apóstolos, isto é, dos antigos profetas e dos apóstolos de Jesus Cristo, daquele tempo e não os de hoje.
Efésios 2:20 – “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”; Actos 10:43 – “A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome”. O evangelho de Cristo e as cartas dos apóstolos ainda não tinham sido escritos, as pessoas os ouviam e confirmavam com as testemunhas, Paulo chega a referir um bom número de testemunhas de Cristo, cerca de 500 discípulos que tinham andado com o Senhor, muitas dessas palavras com o que os discípulos e os apóstolos pregavam, eles testificavam com as escrituras deixadas pelos profetas antigos. Estou a lembrar-me do Eunuco que lia o profeta Isaías e Filipe, um dos discípulos, evangelista, guiado pelo Espírito Santo explicou ao Eunuco de quem Isaías falava.
E assim o numero de discípulos, a igreja de Cristo, crescia cada vez mais...
As tribulações e as perseguições fez com que, muitos tivessem que fugir e se espalharam por muitos lugares na Ásia e não só, esse foi o motivo do crescimento do evangelho, por onde eles iam, pregavam o evangelho, pessoas se juntavam.
Cheios do Espírito Santo e sem vergonha, criou-se grandes comunidades de cristãos ou de discípulos, todos eram baptizados.
Com o tempo, foi necessário estabelecer alguma ordem nessas comunidades, por exemplo, em Actos 6, relata alguma confusão e falta de cuidado para com as viúvas, os apóstolos escolheram pessoas de bem, cheias do Espírito Santo e com bom testemunho para cuidar das viúvas, servir ás mesas, dando o alimento quotidiano.
Mais tarde, surgem outros problemas, inclusive problemas de ordem nos cultos, nas reuniões de ensino quando eles se juntavam. Uma das igrejas que mais problemas tinha era a igreja aos Coríntios. Foi necessário o apostolo Paulo escrever várias cartas para pôr ordem divina. Até que, mais tarde, ainda, era necessário que as comunidades tivessem bispos, presbíteros e diáconos para cuidar do governo da igreja.
O grande problema que os discípulos e apóstolos de Jesus Cristo encontraram em todas as comunidades por onde passavam, era inexistência de governo (na igreja) que fosse idónea, para trazer ordem. Pois qualquer comunidade, por mais pequena que seja, precisa sempre de uma liderança.
Vejamos o pedido de Paulo ao Tito, Tito 1:4-10 - “A Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum: Graça, misericórdia, e paz da parte de Deus Pai, e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador. Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei:
Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante; Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes. Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão,”
Paulo pede, que Tito coloque Presbíteros e Bispos para governarem as comunidades, mas quem fizesse parte desse governo, tinham que ter certas qualificações.
Aqui, neste aspecto, é que começam os grandes problemas da igreja actual.
Quem devem ser os bispos, presbíteros, diáconos, pastores das igrejas de hoje? Em primeiro lugar, a igreja actual de Cristo não precisa mais de apóstolos ou movimentos apostólicos, porque, primeiramente os apóstolos de Cristo e os antigos profetas já deixaram escrito os fundamentos para que as comunidades ou igrejas possam funcionar. Não precisamos de "inventar a roda", porque já temos tudo escrito. Assim sendo, eu, José Fidalgo, afirmo que a igreja não precisa mais de apóstolos e profetas. Eles deixaram tudo escrito para nós hoje.
O que a igreja ou a comunidade precisa é de ter presbíteros, pastores, bispos e diáconos, ou então um Episcopado constituído por bispo (pastor), presbíteros e diáconos que cumprem os requisitos deixados pelos apóstolos de Jesus Cristo, com o propósito de governar a comunidade ou a igreja a seu cargo.
Hoje, encontramos situações caricatas, por exemplo, se uma comunidade tiver 100 membros, 90 fazem parte do Episcopado, isto é, os consagrados e ungidos para serem pastores, presbíteros, diáconos etc, e 10 são os que sobram para serem governados pelos 90. E o mais triste, é que a maioria dos consagrados não reúnem as condições bíblicas deixadas pelos apóstolos de Jesus Cristo.
O que é o Episcopado? É o governo da igreja ou da comunidade. Hoje, as igrejas precisam de ser registadas, terem órgãos sociais, que governem a igreja perante o estado português e perante a própria igreja ou comunidade.
O apostolo Paulo deixa recomendações muito sérias a Tito e a Timóteo. A Tito já vimos no versículo acima, a Timóteo vamos ver agora, 1 Timóteo 3:1-8 – “Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? ); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo. Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância;”
Eu queria ser piloto de aviação e a certa altura fui inscrever-me na escola de aviação, sempre tive esse desejo, mas, ao ler as regras, verifiquei que eu iria ficar desqualificado. Porquê? Porque foi diagnosticado pelo médico sinusite. Assim, por mais desejo e dinheiro que tivesse para pagar o curso, não me aceitaram na escola de aviação.
Para o Episcopado é o mesmo principio.
O Episcopado é constituído por um grupo de pessoas, que não precisam de ser muitas, depende do tamanho da comunidade ou da igreja, que pode começar pelo pastor e esposa, ou então, se a comunidade for maior, uma pequena equipe ministerial. O importante é que esses tenham as qualificações descritas em Tito 1 e em I Timóteo 3. São de facto muito duras, mas essenciais para que haja bom testemunho dos que estão de fora, isto é, da comunidade ou da igreja.
Isso não faz desse grupo restrito pessoas superiores aos restantes da igreja, nada disso. Mas se desejam estar, então, têm de facto de serem aprovados nesses pontos todos.
Qual é o grande erro que encontro nas actuais igrejas? Os lideres e pastores colocam toda a gente como diáconos, presbíteros etc...até a senhora que faz a limpezas, os que oram, os que tocam e cantam, os que ajudam na porta da igreja, etc. Mas a diaconia ou o Episcopado não é nada disso, mas sim GOVERNO da IGREJA. Preste atenção ao texto de Timóteo; “Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?”
Em 1 Timóteo 5:17, diz – “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina”;
Tem tudo a ver com governo, gestão, ensino...cuidar das viúvas, cuidar da comunidade para que não falte nada, esses, que têm este tipo de trabalho, esses sim, têm de cumprir as qualificações.
Quanto aos outros, músicos, cantores, limpezas, portaria, grupos de oração, grupos de mulheres, grupos de viúvas, grupos de jovens, etc,,, esses membros NÃO PRECISAM DE REUNIR essas qualificações todas. Na verdade estes, precisam do governo da igreja sobre eles.
Estamos a exigir aos músicos e a todos os membros que, tenham todos as mesmas qualificações de 1 Timóteo 3, quando isso é extremamente impossível. Daí que, o Episcopado não deve ser ocupado por muitos, mas por poucos, pois não faz sentido ter 90 pessoas para cuidar de 10. Deveria ser o oposto, 10 para cuidar de 100.
Hoje vemos muitos problemas de relacionamento e também de quebras de confiança, porque temos pessoas que nunca deveríamos ter no governo da igreja, porque não reúnem as qualificações. Dão mau testemunho.
Para além de que, esta maneira errada de consagrar pessoas, gera conflitos na comunidade, comparações, parece uma linha de montagem, dá a ideia de que a fé, é uma caminhada de consagrações, irmão passa a diácono, diácono passa a presbítero, e assim vai...se alguém não for consagrado, ainda fica chateado...porque se fulano foi, então eu também tenho de ser.
E outras coisas mais graves, feira de vaidades e culto ao ego.
Por último quero dar uma palavra de encorajamento a todos os que servem a Deus nas igrejas como músicos, cantores, os que limpam, os que oram, os que visitam os enfermos e oram por eles, os que evangelizam nas ruas, nas casas, falam com os amigos e colegas, enfim, a todos os que pertencem a igreja local ou comunidade local, vocês não precisam de reunir todas estas qualificações de Tito e 1 Timóteo 3, é claro que o bom testemunho de Cristo, ser trabalhador, ser fiel, ser integro, ser cheio do Espírito Santo é muito importante para que todos possamos ter o bom perfume de Cristo, mas o peso de ser um bispo, um pastor, um presbítero e diácono requer qualificações especificas, pois sobre eles cai a responsabilidade do governo da igreja. Uma igreja bem governada dá muita confiança e segurança a todos os que ouvem, e por esse motivo devemos orar por aqueles que têm a responsabilidade de governar a igreja perante todos vocês e perante as autoridades da nação.
Deus abençoe a todos.
José Fidalgo.