A partir do 4º Século depois de Cristo, Constantino, imperador Romano, oficializa o Cristianismo como a religião do império. Quem não se converte-se ao Cristianismo não teria as benesses do império. A partir daí, principalmente no ocidente, desenvolveu-se uma visão sobre a redenção divina construída com uma base em uma lógica forense judicial: Deus é juiz, o ser humano é o réu pecador condenado à pena do inferno, morte eterna, Jesus Cristo, o filho de Deus encarnado é o advogado de defesa, que intercede a favor do réu, cumpre a pena no lugar do réu, para que o réu tenha a oportunidade de se juntar ao gozo celestial. Assim o céu é uma experiência após-morte.
Com base nesta lógica forense judicial têm-se construído um discurso sobre a redenção do homem, que em vez de, verdadeiramente o redimir, o tem matado. Ainda hoje, na maioria das igrejas cristãs, permanece essa lógica.
Esta lógica favorece a manipulação e leva as igrejas a seres mercantis, tendo Deus e a bíblia como um produto, desenvolvendo um relacionamento de custo / benefício e obrigações / Causa e Efeito. É o terreno que favorece os falsos apóstolos e as falsas doutrinas.
O ser humano é um ser por natureza agónico, temos uma angustia presente e latente em busca de dar sentido à vida, esta angustia leva-nos a sermos facilmente manipulados. Tornamo-nos consumidores prontos a consumir soluções para “matar a fome” da nossa culpa, dos nossos medos, da nossa ganância e até do nosso sofrimento. O que não fazemos para resolver o nosso sofrimento ou o sofrimento de um ante-querido. O que não fazemos para resolver a nossa vida financeira, ficar rico rapidamente. O que não fazemos para que o nosso medo, no caso dos cristãos, medo da maldição, medo do inferno não seja retirado ou pelo menos reduzido. O que não fazemos para que a nossa culpa, que gera uma dor na alma não seja perdoada, pelo menos, "sentir" que estamos perdoados.
A religião, usa a lógica da redenção forense judicial, descobriu a fórmula de “vender” a redenção para manter cativo o consumidor angustiado, de modo que, gera um sentimento de que por mais que façamos para agradar a Deus, Deus nunca está suficientemente agradado de nós. É sempre preciso mais, mais sacrifícios, mais dinheiro, mais devoção, mais orações, mais dedicação ao ministério, mais idas à igreja, mais rituais, mais, mais, mais, "agora é que vai ser", "se fizeres isto e aquilo...". Por um lado nada merecemos, mas por outro lado temos de fazer por merecer. Esta é a lógica da religião, do cristianismo, da maioria dos evangélicos. Tudo para que possamos ganhar o céu e usufruir dos benefícios do mesmo.
Esta lógica forense judicial mata e continua a matar. Esta é a lógica que tem levado a muitos , ao que hoje chamam de “desegreijados”, os tais que abandonaram a fé, os que apostataram. A verdade é que, infelizmente, esta lógica os matou, ao ponto de muitos se encontrarem desiludidos, enganados, sem dinheiro, sem uma boa saúde mental, porque de facto, afecta a nossa sanidade mental, depressões, suicídios, enfim uma verdadeira desgraça dentro do que chamamos Cristianismo.
A redenção que verdadeiramente nos salva é aquela que o Evangelho de Cristo nos anuncia. A boa noticia. Qual? Deus se fez no que nós somos, para fazer de nós, aquilo que Ele próprio é. Ele tomou a nossa corruptibilidade para que fosse absorvida pela Sua incorruptibilidade. Ele tomou a nossa mortalidade para nos dar a Sua imortalidade. Ele tomou a nossa carne para sermos participantes do seu Espírito. ESTAMOS DESTINADOS, PELA SUA GRAÇA, ÀQUILO QUE DEUS É POR NATUREZA.
A Redenção humana não tem a ver com o lugar após morte, apesar de que Ele foi preparar-nos lugar, mas a redenção humana tem tudo a ver com o tipo de pessoa que nos tornamos, tendo a Jesus Cristo como a referência. Jesus Cristo não só veio mostrar como Deus é, mas como o homem deve ser.
Cristo em nós e nós em Cristo, é muito mais do que uma simples lógica forense judicial.
Ele vive em nós.
Deus se fez homem para que o homem fosse feito Deus.
“ ...Tudo é vosso, E vós de Cristo, e Cristo de Deus”. (I Cor.3:23)
Para que sejamos um Nele.
Sem Ele, nada podemos fazer, Estai nele e ele em nós...