Se há assunto que me incomoda é o de abuso espiritual.

Quantas vezes passamos ou ouvimos falar de igrejas em que os temas centrais são libertação, cura, milagres a torto e a direito, a vida do pastor, hierarquias (apóstolo, bispo, pastor, ...)? Infelizmente, mais do que aquelas que gostaríamos.

Neste texto, quero evidenciar alguns sinais que indicam abuso espiritual.

1º Manipulação

Parece básico, mas todo e qualquer abuso começa com a manipulação. Segundo o Dicionário Online de Português, manipular, no sentido pejorativo da palavra, consiste em falsificar a realidade com o intuito de induzir alguém a pensar de determinada forma.

É também qualquer manobra que visa, de forma oculta e suspeita, alterar a realidade, falsificando-a.

Manipular, no contexto espiritual, consiste em falsificar o Evangelho de Cristo, de forma a que a comunidade creia que Jesus não é suficiente. Há algo que temos de fazer para merecer o amor de Deus. Os chamados “pastores” que manipulam as pessoas que confiam no seu ministério articulam a Palavra de Deus com uns ajustes, de forma a deixá-las sempre em controle e debaixo da sua liderança.

Estes “pastores” ou “líderes”, por norma, não deixam que a voz da congregação seja ouvida, a não ser para os bajularem e/ou dizerem “amém” a tudo o que dizem.

Colossenses 2:8 “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo”.

2º Falta de humildade

Quando o “pastor” não é humilde e se exalta constantemente, a si e à sua “chamada”, estamos perante abuso espiritual.

Quando recebemos Jesus nas nossas vidas e fazemo-Lo Senhor em cada um dos nossos corações, há constrangimento, há redenção, há humildade, porque, mesmo não merecendo, Deus nos amou e entregou a Sua vida para que possamos viver eternamente com Ele. E a nossa missão, enquanto seguidores de Cristo, é transmitir o Seu Evangelho com a mesma atitude que Ele teve enquanto esteve aqui nada terra: com humildade, temor e redenção ao único Deus.

Por isso, quem somos nós para nos acharmos mais do que aquilo que somos?

2 Timóteo 2: 24-25 “(24) E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; (25) instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade”.

3º Jesus não é o centro da sua pregação

Este é o ponto-chave. Se na pregação destes “pastores” o foco não é Cristo e a plenitude da Sua obra, então está-se a caminhar para o mau caminho.

O foco não devem ser os milagres, o dinheiro, as histórias da vida do “pastor”, o quão grande é o título do “líder”, mas sim a redenção e cura que Cristo traz ao coração quebrantado.

Jesus é a cura. Jesus é o milagre. Jesus é a libertação. Jesus é a resposta para os nossos problemas. A pregação de nada vale se Jesus não é exaltado e glorificado.

Gálatas 5:1 “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão”.

Hebreus 3: 3 “Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou”.

 

Salomé Silva

12/03/2022