Acordei com esta gratidão no coração, como alguém a quem tudo corre bem; como se o mar não se agitasse, por vezes, em demasia; como se não existissem dias chuvosos; como se todos os jardins por onde eu passasse não ficassem, por vezes, despidos nem espinhosos…

Esta gratidão invade-me o coração, como se o lugar onde estou (seja qual for) fosse o melhor lugar para estar. É uma gratidão que se origina na paz, amor e alegria, não vindos do exterior ou das circunstâncias, mas plantados no meu coração.

Poderão perguntar se não vivi momentos difíceis e mesmo tortuosos, alguns confusos, doridos e duvidosos…momentos de sofrimento, tristeza, pesar e dor…? Sim, vivi. E os que me estiveram mais próximos, testemunharam e confirmam a minha afirmação. Mas o que são esses momentos, quando olhamos para as vivências de Jesus?

 Vejamos:

- Viveu escárnio (“tiraram-lhe a roupa e vestiram-lhe um manto vermelho. Fizeram uma coroa de espinhos de colocaram em sua cabeça; depois puseram-lhe uma vara na mão direita, como se fosse um cetro, e se ajoelharam diante dele em sinal de zombaria.” Salve, rei dos judeus”, gritavam eles” - Mateus 27:28-29);

- Viveu traição (“E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?”  - Lucas 22:48);

- Viveu rejeição e desprezo (“Era desprezado e o mais indigno ente os homens, homem de dores, experimentado nos trabalhos, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum” - Isaías 53:3);

- Viveu sofrimento físico (podemos ver Mateus 27, onde é batido, chicoteado, crucificado);

- Viveu a triste dor da perda (lembro a morte de João Batista, por ex, em Mateus 14:12-13), e a dor pelo sofrimento do outro, como quando chorou, com Marta e Maria, a morte do seu amigo Lázaro, mesmo sabendo que ele ressuscitaria – João 11:33-35);

Mas, independentemente dos problemas que atravessasse, Ele tinha paz, alegria e amor, porque, vivendo a vida humana, estava intimamente ligado ao Pai (“ Eu e o Pai somos Um” - João 10:30 ). O único momento de verdadeiro desespero para Jesus foi exatamente quando Ele carregou sobre si, os pecados da humanidade, porque tal facto, colocou um afastamento entre Ele e o Pai (pois a santidade do Pai não permitiu manter o relacionamento com Jesus, quando esse foi coberto pelo pecado humano). Aí, sim, como podemos ler, Jesus clamou” Eli, Eli sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?”- Mateus 27:46).

E Jesus, tendo-se despojado da Sua condição divina, e tendo sido Homem como nós, é o nosso maior exemplo. Ele deixou-nos a sua paz (João 14:27- “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”), e essa paz inunda o nosso ser mesmo perante as tempestades da vida. Ele ensinou-nos que há Uma só fonte de onde paz, amor e alegria emanam: essa fonte é Deus. Assim, quem está ligado a Deus, usufrui desse bem Maior. E para estar ligado a Deus, há um só Caminho : Jesus. Só Ele nos liga ao Pai (João 14:6Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim”).

Tempestades? Sim, passam por todos nós, mas sabendo que Aquele que acalma tempestades (ver Lucas 8:23-24), está connosco, sabemos que as tempestades apenas podem acontecer fora de nós. Dentro de nós, mantém-se a calmaria, a alegria e o amor…enquanto a tempestade passa e não permanece.