Formando um Casal, uma família
O exemplo de Isaque e Rebeca, traz-nos muito para aprender. Podemos ver a história deste casal em Génesis 24.
A partir do versículo 1 até ao 27, vemos que Abraão, pai preocupado na escolha da melhor noiva para o seu filho Isaque, incumbiu o seu servo de ir buscar a mulher adequada, a qual não deveria ser uma mulher “estranha” (vers. 4 “irás à minha terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque.”). A noiva de Isaque, Rebeca, era filha de Betuel, um dos filhos de Naor, sendo este irmão de Abrãao, (ver 24:15) sendo assim sobrinha neta de Abrãao, como podemos ver em Génesis 25:19- 20 “Esta é a história da família de Isaque, filho de Abraão: Abraão gerou Isaque, o qual aos quarenta anos se casou com Rebeca, filha de Betuel (…)”
Vamos então extrair alguns princípios importantes que encontramos no modo como este Casal se forma:
Priníipio 1- Não se unir a um jugo desigual
Abrãao disse ao seu servo: “não tomarás para meu filho mulher das filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito” (vers.3). Ao ler esta frase, fica-me uma questão: Se Abrãao morava no meio dos cananeus, qual era o problema que ele via no facto do filho poder encontrar uma esposa cananeia? Tentemos então perceber: os cananeus eram descendentes de Canaã, filho de Cam. Era um povo com uma forma de estar, na vida, muito distinta da de Abrãao, pois era voltado para a guerra, e era idólatra, adorando vários deuses (eram politeístas). Para servir esses deuses, este povo tinha práticas consideradas imorais, profanas, aos olhos de Deus,
Ora, todos compreendemos que se queremos caminhar com alguém, esse alguém tem de caminhar para o mesmo lugar que nós. Ou seja, é essencial que quando alguém pensa casar, busque para tal, uma pessoa com quem se identifique, que tenha em comum os princípios e prioridades que são mais significativos. Caso contrário, será difícil ter objetivos comuns e estar unido verdadeiramente, pois cada um quererá construir a sua vida com base em princípios distintos e caminhando para objetivos díspares.
Assim, este critério da escolha do conjuge pode parecer antiquado, mas a verdade é que a Palavra de Deus e Deus não mudam, e portanto, permanece absolutamente atual. É por isso que, no Novo Testamento, continuamos a ler referências como, por ex. em II Coríntios 6:14: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis. (…)”. A palavra “prendais”, aqui aplicada, parece-me bastante expressiva do que um cristão acaba por sentir quando se une a alguém que não é cristão, que não quer reger a sua vida pela Palavra de Deus, nem quer saber de Deus, ou que pode até ter práticas que Deus abomina. Quanto à palavra “jugo” pode ser vista como algo que nos ata, prende, acorrenta. Portanto, esta passagem adverte-nos que quando estamos acorrentados, atados, unidos (o que acontece ao casarmos) a alguém infiel (visto como alguém que não é fiel a Deus, para quem Deus e as Suas instruções para a vida, não são importantes), vamos estar presos. O cristão que se une a alguém assim, fica preso.
Apesar de o facto de se respeitar este critério na escolha do conjuge, não ser a “receita” para um casamento sem problemas ou contrariedades, deve ser ponto base que um cristão que queira conduzir a sua vida de acordo com a Palavra de Deus, servindo-O e amando- O, precisa unir-se a alguém que também o queira. Caso contrário, a caminhada juntos será uma tarefa árdua, e o cristão ficará, com certeza, exposto a muitos dissabores.
Abrãao, sabendo tudo isto, teve esta preocupação na escolha da esposa de Isaque.
Princípio 2 - Deus SEMPRE presente, em TUDO, na nossa vida
Nesta história, vemos também que o servo de Abrãao orou e Deus, na Sua imensa fidelidade, respondeu, guiando-o e proporcionando o encontro entre ele e Rebeca.
Alguns cristãos creem que cabe a cada um de nós tomar as suas decisões e que Deus não tem de se relacionar com elas. É verdade: Cabe a cada um de nós tomar as suas decisões, sejam quais forem, em todas as áreas das nossas vidas. Mas, apesar de Deus respeitar a nossa decisão e escolha, como Seus filhos, temos o dever / direito de orar e pedir a Sua direção. Creio nesta verdade para tomar cada decisão, e isso é extensível para a escolha do nosso conjuge. Se pedirmos, sabemos que nos ouve e nos responde, e sabemos que é fiel e guiar-nos-á (I João 5:14-15 diz: E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos.”). Todavia, precisamos, ao pedir direção a Deus, estar recetivos a que Deus realmente nos oriente. Acontece que alguns cristãos, pedem direção a Deus, mas querem que Ele os dirija para o que eles desejam, e não ficam recetivos a mudar a sua vontade própria, invalidando assim a direção de Deus, ao tomar o rumo da sua vida, sem o Conselho divino.
Este casal (Isaque e Rebeca) foi unido por Deus, o que é afirmado por Labão e Betuel em Gen. 24: 50-51 “Labão e Betuel responderam: "Isso vem do Senhor; nada lhe podemos dizer, nem a favor, nem contra. Aqui está Rebeca; leve-a com você e que ela se torne a mulher do filho do seu senhor, como disse o Senhor".
Abrãao, Labão (irmão de Rebeca) e Betuel, sabiam que Deus tinha dado orientação para a união dos seus filhos. Naquele tempo e cultura, os pais é que buscavam os cônjuges para seus filhos, mas hoje em dia, cabe a cada um, na sua relação pessoal com Deus, pedir- Lhe direção e tomar a sua decisão, escutando essa direção.
Reparemos que mesmo depois de serem marido e mulher, Rebeca e Isaque, continuaram a buscar direção de Deus e a orar nas dificuldades que foram surgindo, como descrito por ex., em Genesis 25:21 “E Isaque orou insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu.”
Deus tem sempre lugar nas nossas vidas, para qualquer decisão que queiramos tomar. Cabe a nós orar e querer receber a orientação, a qual é primeiramente, sempre alinhada com a Sua Palavra.
Principio 3 - Ambos querem estar juntos e amam-se
Apesar de “escolhida”, Rebeca não foi obrigada a ser a esposa de Isaque. Na verdade, ela também quis sê-lo. Mesmo quando os seus familiares tentavam protelar um pouco a sua partida, chamaram-na e, podemos ver, a partir do vers. 55, o que aconteceu. Os versículos 57-58 referem: “E disseram: Chamemos a donzela, e perguntemos-lho. E chamaram a Rebeca, e disseram-lhe: Irás tu com este homem? Ela respondeu: Irei.” Rebeca foi questionada, nada lhe foi imposto. E, de livre vontade, sem qualquer resistência, ela quis partir para ser a mulher de Isaque. Assim, percebemos que houve predisposição de ambos para se casarem, sem coação de nenhuma parte.
Também percebemos que a união deste casal foi selada com o ingrediente principal de qualquer casamento: O Amor, como lemos no vers. 67 “Isaque levou Rebeca para a tenda de sua mãe Sara; fez dela sua mulher, e a amou (…) ”. Conseguimos compreender que eles mantinham uma relação carinhosa e de intimidade, por ex. em Gen. 26:8: “(…) Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca sua mulher.” Este “brincando” refere-se à intimidade entre o casal, tanto que foi o facto de ter visto o que faziam, que levou Abimeleque a perceber que Rebeca era a mulher de Isaque (ver vers. 9).
Tal como todos os outros casais, Isaque e Rebeca eram duas pessoas com personalidades distintas, mas tinham nestes 3 princípios, bases importantes para que o seu casamento fosse de paz e harmonia. Eram dois e, sem perder a individualidade de cada um, poderiam moldar-se de modo a caminhar como UM na vida, na mesma direção, com o mesmo objetivo: Esta é a vontade de Deus para todos os casais.